Diversão e Arte

Fome, de Cristiano Burlan, desperta debate sobre problemas sociais

O filme que integra a mostra competitiva do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro registra as deambulações de um mendigo pelo centro de São Paulo

Nahima Maciel
postado em 19/09/2015 07:32

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Improvisação, a relação do filme com os moradores de rua e o limite entre ficção e realidade pautaram o debate sobre o longa Fome na manhã de ontem. Dirigido por Cristiano Burlan, o filme que integra a mostra competitiva do 48; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro registra as deambulações de um mendigo pelo centro de São Paulo. Vivido pelo crítico Jean-Claude Bernadet, o personagem vive na rua por opção e em alguns momentos tem a própria trajetória confundida com a do ator.

O crítico, cuja atuação beira o improviso em diversos momentos, nunca viveu na rua, mas tem origem semelhante à do personagem. Na cena mais reveladora do longa, ele conversa com um ex-aluno sobre a escolha de viver na rua. O encontro foi filmado em clima de improviso, já que Bernadet não tinha informação alguma sobre os diálogos e a cena. ;Soube naquela noite que tinha uma cena com Francis (Vogner). E de repente ele desaba em cima de mim com um diálogo que eu ignorava. Nessa forma de improviso, em que a tomada é extensa, a dramaturgia do plano sai do diretor e passa para os atores;, contou o crítico. ;É uma forma de improviso. Outra forma é a última cena. Como ator, acho a última cena extremamente perturbadora.;

Questionado sobre o tratamento dado aos moradores de rua entrevistados durante o filme, Cristiano Burlan contou que a relação de toda a equipe com a situação é conflituosa. ;O próprio filme faz um mea culpa: eu vou para a rua, filmo essas pessoas, uso mas elas não têm noção do meu discurso;, disse o diretor, retomando o discurso da personagem vivida por Ana Carolina Marinho, uma estudante que entrevista os mendigos para um trabalho.

Para Bernadet, o trabalho do ator ficcionalizando a condição de pessoas que, muitas vezes, não são percebidas como indivíduos pode ter algo importante. ;Acho que o trabalho do ator ficcionalizando isso faz com que essa solidão saia do indivíduo especifico entrevistado para uma generalidade;, garante o crítico. ;Não é só uma justaposição de atitude documentário e atitude de representação, acho que a representação pode servir como caixa de eco da posição daquela pessoa específica.;

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