O debate acerca de questões de gênero voltou a movimentar os bastidores do 48; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. No quarto dia de mostra competitiva, sábado passado, o diretor pernambucano Cláudio Assis foi vaiado a ponto de não conseguir se apresentar antes da exibição do longa Big jato, inspirado no livro homônimo e autobiográfico de Xico Sá.
Acusado de machismo, Cláudio foi calado por parte da plateia, que impediu qualquer tentativa de discurso. Cena contrária a um dos momentos mais marcantes do festival, quando o diretor Rodrigo Carneiro foi ovacionado ao lembrar vítimas de crimes de homofobia, na última sexta-feira. Em agosto, Cláudio Assis foi acusado de desrespeitar Anna Muylaert, diretora do filme Que horas ela volta?, durante um debate em Recife. Ele também teria chamado de gorda a atriz e apresentadora Regina Casé, protagonista do longa que representará o Brasil no Oscar.
Um dos primeiros a defender Cláudio Assis foi Xico Sá ; padrinho de Francisco, filho mais novo do diretor e que fez sua estreia nas telonas. ;Viva as vaias!”, bradou Xico, pouco antes de o ator Matheus Nachtergaele usar do carisma para conter os ânimos do público: ;Podemos vaiar nossos horrores e aplaudir nossas maravilhas;, disse, colocando panos quentes na saia justa.
Ironicamente, a cena não impediu que, ao subir os créditos do longa, a sensação fosse de triunfo. O mesmo público que desaprovou as declarações polêmicas de Cláudio Assis aplaudiram Big jato de pé. Na manhã de ontem, o diretor e parte da produção e do elenco reuniram-se em uma mesa redonda sobre a película, realizada no Kubitschek Plaza Hotel. ;É um filme que trata do nascimento de um poeta. Uma ode a Xico Sá;, explicou o cineasta. Pouco antes de começar a entrevista, imprensa e convidados foram orientados a limitar as perguntas a questões relativas ao filme, na tentativa de minimizar polêmicas da noite anterior.
As recomendações não foram o suficiente para que Cláudio Assis fosse confrontado sobre o protagonismo de personagens femininos nos filmes que dirige, incluindo Big jato, o que iria contra as acusações de machismo. ;Minhas produções sempre focaram em questões sociais e colocam a mulher em posição de destaque. Quem está atirando pedras atira na pessoa errada;, defendeu-se.
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