postado em 24/09/2015 07:03
O historiador Alberto de Oliveira e o cenógrafo e pesquisador Alberto Camarero lançaram um livro, no mínimo, curioso. Cravo na carne ; Fama e fome conta a história de mulheres brasileiras que, ainda na primeira metade do século passado, viviam de suas exibições faquiresas.
Entre os anos 20 e 50, mulheres belas e sensuais arriscavam batendo recordes de jejum, trancadas com cobras em caixas de vidro e deitadas sobre pregos, alimentando a curiosidade popular por onde passavam.
Ao longo do século 20, muitos faquires fizeram fama no Brasil com suas exibições em saguões de teatro e cinema, salões comerciais, galerias ou pavilhões montados em terrenos baldios especialmente para esse fim. Entre esses, se destacaram Silki, Urbano e Lookan, famosos no país nos anos 1950. E foi no meio desse universo dominantemente masculino que Rose Rogé, Gitty, Arady Rezende, Zaida, Rossana, Mara, Iliana, Yone, Marciana, Verinha e Suzy King se lançaram à atividade, rompendo preconceitos e oferecendo ao público ainda mais atrativos do que os faquires do sexo masculino, pois sensualizavam suas exibições com trajes de odalisca e biquínis sumários como os das vedetes do teatro de revista, com as quais muito se assemelhavam.
Consideradas corajosas, as faquiresas trazem à tona, em suas trajetórias, as dores e as delícias da condição da mulher independente nas seis primeiras décadas do século passado.
Alberto de Oliveira comenta que o universo do faquirismo circense é praticamente desconhecido nos dias de hoje as histórias que o cercam são muito saborosas, algumas bastante engraçadas, outras trágicas. ;Encontramos uma referência à passagem de pelo menos uma faquiresa por Brasília, ainda na época de sua construção, entre 1958 e 1959, quando vários circos se instalavam na região para divertir os operários;, lembra o autor.