Foi por acaso, assim como aconteceram grandes descobertas da humanidade, que Marieta Severo se tornou o ícone que é hoje. Aos 18 anos, ainda estudante de magistério, foi acompanhar uma amiga em um teste para Society em baby doll, um filme de Luiz Carlos Maciel. Embora frequentasse O Tablado (escola de atuação no Rio de Janeiro), ser atriz, definitivamente, não estava nos planos da jovem de olhos amendoados. Desde criança, ela se via como uma professora. Queria contar histórias. Quis o destino que ela se mantivesse fiel ao sonho infantil. São cinco décadas vivendo de contar e viver histórias. A vocação a levou a interpretá-las em relevantes papeis na tevê, no teatro e no cinema.
Este ano, Marieta se reinventou, mais uma vez, aos olhos do público. A mudança foi radical: da pacata dona de casa Nenê, papel que interpretou por 14 anos em A grande família, a vilã sem escrúpulo Fanny Richard, em Verdades secretas, que chegou ao fim na sexta-feira. ;Eram personagens completamente opostos. É isso que nós, atores, buscamos sempre. Ir para um território completamente diferente do anterior;, diz, sem medo de esbarrar em clichês. Desafio e dádivas são palavras batidas, mas que, para a atriz, exprimem bem o ofício, que pretende seguir por outros cinquenta anos. Que assim seja.
ponto a ponto Marieta Severo
Otimismo e crise
O otimismo ajuda a buscar soluções. O pessimismo não serve para nada. Aliás, o pessimismo serve para entrevar tudo. A quem ele beneficia? Está sendo construtivo? Não sou uma idiota, uma otimista tola que não tem consciência de tudo que está acontecendo. Meu otimismo vem no sentido de construção. A que, a quem e para quem serve essa destruição, essa mania de só olhar o lado negativo das coisas? Há muitos interesses em jogo. Prefiro manter o olhar fixo ao que foi construído, e consertar o que precisa ser mudado.
Polarização política
Não me lembro de um momento tão polarizado quanto a ditadura como tem sido os dias de hoje. Só que, naquela época, existia um inimigo a ser combatido, um inimigo que era nocivo para o país. Depois que conquistamos duramente a democracia, e que estamos dentro dela com as nossas instituições fortes e em funcionamento, é ótimo que as pessoas tenham uma opinião diferente da minha. Amplia meu horizonte. Mas tanto preconceito e ódio é apenas destrutivo, não se constrói nada nesse terreno.
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