Diversão e Arte

Apesar da resistência social, fotógrafos investem no nu masculino

Propostas artísticas com modelos ainda enfrentam preconceito, mas crescem os trabalhos voltados para fotografar o corpo do homem

postado em 01/10/2015 07:35 / atualizado em 14/09/2020 18:57
Propostas artísticas com modelos ainda enfrentam preconceito, mas crescem os trabalhos  voltados para fotografar o corpo do homem
Fotografar nu é uma arte delicada. A partir da estética escolhida, o copo despido pode assumir diferentes imagens e acepções. Mas, em todos os casos, a pele crua é nada mais, nada menos que a condição natural do ser humano. Ou deveria ser.

O Código Penal Brasileiro, publicado em 1940, considera crime a exibição pública de imagens ou atos de caráter obsceno, mas a definição deste conceito não consta na lei. Resulta que a sociedade civil acaba por assumir o papel de decidir o que é ofensivo segundo seus próprios costumes de moralidade naquele espaço de tempo.

Se o nu artístico sofre alguma repressão social, ela se acentua quando a figura retratada é masculina. ;A nudez feminina sempre foi muito explorada, mas o homem nu ainda é muito chocante;, afirma Gianfranco Briceño, 35 anos. O fotógrafo peruano está no Brasil há 16 anos e, há seis, desenvolve trabalhos com nu masculino. Para o brasiliense André Carlos, 21, muitas pessoas não acreditam na capacidade masculina de transmitir sensibilidade e sensualidade como a mulher o faz. ;Ele é sempre taxado de gay. É a contradição machista que domina a cabeça de muita gente;, destaca o também fotógrafo.

O medo de ser motivo de chacota paira sobre alguns garotos que desejam fazer este tipo de ensaio. ;Já tive que apagar fotos de um modelo hétero, porque os amigos ficaram zombando da masculinidade dele;, conta André. Para ele, posar nu é reflexo da relação que a pessoa tem com o próprio corpo e não da opção sexual. ;É mais uma questão de cabeça bem resolvida.;

Contrário à noção de que o nu masculino seja uma arte na qual se manifestam majoritariamente homossexuais, o fotógrafo Fabio Da Motta, 35, acredita no acaso. ;Ainda existe bastante preconceito em achar que posar nu é ser gay, mas é totalmente normal que o hétero que malha pra ficar sarado queira exibir o corpo. E qualquer um pode ter essa vontade.;

No enfrentamento de preconceitos e na experimentação da estética do nu, todos eles têm um ponto comum de origem: começaram fotografando amigos. André Carlos comprou sua primeira câmera profissional em 2012 e os testes iniciais de fotografia foram com modelos nus. ;No começo, foram os amigos meus principais modelos;. Desde então, ele vem se aperfeiçoando e, só este ano, fez mais de 20 ensaios.

Da Motta trabalha com o nu há 11 anos e diz ter começado na brincadeira, quando convidou uma amiga para uma sessão de fotos no prédio onde morava em Cuiabá. Hoje, o fotógrafo tem mais de 50 ensaios masculinos no portfólio.

Briceño é fotógrafo de moda e começou a trabalhar com o nu artístico sem uma intenção específica: ;Fazia porque gostava;. Com o tempo, a paixão pela força do corpo nu cresceu a tal ponto que tornou-se ;um lado B; do trabalho que já desenvolvia no mundo fashion.
 
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