Diversão e Arte

S.O.S Mulheres ao Mar 2 estreia em 450 salas de cinemas brasileiros

Crises no amor e na profissão estão na nova comédia de Cris D'Amato, que, em 2014, agradou a mais de 1,8 milhão de espectadores

Ricardo Daehn
postado em 22/10/2015 10:00

Crises no amor e na profissão estão na nova comédia de Cris D'Amato, que, em 2014, agradou a mais de 1,8 milhão de espectadores

;Desde a Grécia, a gente vê esse desdém com a comédia (risos). Eu, particularmente, não gosto do riso pelo riso, frouxo. Gosto da situação risível;, observa a diretora de cinema Cris D;Amato, que, hoje, verá seu filme S.O.S. Mulheres ao mar 2 estrear em nada menos do que 450 salas no Brasil. A trama do filme foi esboçada ainda na praia, quando a diretora entrou na boa crise de se perguntar: ;Será que eu terei que fazer a parte 2? Não tô com ideia nenhuma;. Vale a lembrança de que, ano passado, 1,8 milhão de espectadores prestigiaram a primeira fita.

;Quis contar uma história um tanto mais elaborada do que a primeira, em que o núcleo das três personagens centrais ficava muito fechado, entre elas. Agora, buscamos ter a graça das três (Giovanna Antonelli, Thalita Carauta e Fabiula Nascimento), mas com questões femininas que toda a mulher vive. Tipo, a crise que virá aos 40, 50 ou 60 anos;, avalia a diretora. Em 45 dias de filmagens, a equipe do filme produzido por Julio Uchôa (de Chico Xavier) percorreu muitas locações, já que o filme traz Reynaldo Gianecchini na pele do cobiçado estilista André, em ação num cruzeiro pelo Caribe. Cidades mexicanas e as americanas Orlando e Miami fizeram parte da rota. Filmes de deslocamento, como Se beber, não case! e Thelma & Louise não por acaso fazem parte das preferências de Cris D;Amato.

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[SAIBAMAIS]Inserida na trama, novamente no papel da voluptuosa Luiza, a irmã da ciumenta personagem de Giovanna Antonelli, Fabiula Nascimento, endossa os ares de renovação. ;Acho que todo mundo deveria ter o direito de, uma vez por ano, escolher um lugar no mundo, para viajar;, observa. Fabiula vê o filme como uma comédia de erros ou ;uma boa comédia romântica;. Uma sintonia entre a liberal personagem e Fabiula é encorajada pela atriz. ;Tô livre pra viver as coisas, tô desapegada de cafonice, preconceitos e de amarras;, comenta. Na presença forte, como em meio a animado karaokê, Luiza faz valer lema da atriz: ;Você fazer uma macarronada ou uma cena de sexo, no cinema, deve ter o mesmo valor, tem que ser coreografado e feito com a mesma seriedade;.

Quanto à Luiza, Fabiula Nascimento acredita que representa a mulher atual, que não tem questões de idade. ;;Dou show em qualquer menininha de 18 anos, amorzão!’, ela diria (risos). Luiza tem segurança, não vai apontar para qualquer homem e querer ter um filho a qualquer custo. Não é uma preocupação dela querer congelar óvulos. Ela é uma mulher atual, só não sei se representa todas as mulheres;, diz. Fabiula não considera a oportunidade de S.O.S. 2 imprimir rumo feminista. ;Hoje em dia, as pessoas, na verdade, estão mais soltas pra falar de sexo. Quando eu tinha 12 anos, isso não era um assunto dentro da minha casa. As filhas das minhas amigas, hoje, já perguntam. Hoje, tudo é muito erotizado, o tempo inteiro. Acho Luiza solta, decidida, mas tá longe de ser vulgar. Ela é mais sedutora, divertida e inteligente do que quem vai pro lugar-comum de sensualizar a todo custo;, comenta a intérprete.

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Muitas mulheres
Um dos nortes para S.O.S. Mulheres ao mar 2, na visão da diretora Cris D;Amato foi o escopo de tipos femininos. ;Há a romântica (Antonelli), a pura (Thalita Carauta, sempre reconhecida como a Janete de Zorra Total) e a pegadora (Nascimento): são elementos presentes em todas as mulheres;, diz D;Amato. Em paralelo, os homens também têm forte presença na trama, como é o caso de Gil Coelho, da novela I love Paraisópolis e da peça 220 volts (com Paulo Gustavo). ;Sou um aprendiz de humor, ainda. Mas tive uma megaoportunidade, ao estar ao lado de uma atriz como a Thalita Carauta. Foi muito gratificante;, observa.

Nos bastidores das filmagens, a diretora conta que sempre associava o tipo de Thalita Carauta, a ex-empregada Dialinda ao comediante Cantinflas. ;A Dialinda tem uma simplicidade, um deslumbre com as coisas;, completa Carauta. Sempre de olho em privilegiar caras novas, como faz na série de tevê Pé na cova, D;Amato deu voz a Felipe Roque.

O clima de descontração é alto quando, na tela, surge o tipo impagável de Thalita Carauta. ;Acho que é uma comédia romântica, algo mais leve. O policiamento por piadas politicamente corretas fica por conta da direção, da produção. A gente tem que sempre entender por onde o humor caminha e, a partir disso, discernir o que pode ou não. A gente deixa dizer não; enquanto isso, a gente senta o couro;, diverte-se a luminosa Carauta.

Confira vídeos inéditos com o elenco.

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Quatro perguntas / Giovanna Antonelli

S.O.S. Mulheres ao mar 2 representa que mulher brasileira?
Acho que nós temos três histórias de três mulheres diferentes, três formas de ver a vida de modo diverso. S.O.S. Mulheres ao mar 2 é um filme para toda família, não só para mulheres, mas para todas as idades. Nossa preocupação com os diálogos foi para universalizar. Meu filho por exemplo, é um grande espectador, com todos amigos. Eu adoro fazer essa mulher passional, extremista, ciumenta, como é a minha personagem, a Adriana. Acho um barato essa personalidade. Há tempero para interpretá-la. Eu acho muito legal ver, nas salas de cinema, a reação das mulheres, que já fizeram loucuras por amor.

Você tem trabalhos fortes, comandados por mulheres: Amora Mautner está em A regra do jogo, e Cris D;Amato no atual filme. Em que a mulher difere?
O equilíbrio da visão masculina com a visão feminina, dá um bom samba nos trabalhos, onde, antes, só havia reinados por homens. Então, eu acho que ter diretoras mulheres numa novela traz uma outra visão. É um prazer ser dirigida pela Amora Mautner (em A regra do jogo) ; eu sou fã da inteligência dela, da rapidez. E, no cinema, Cris D;Amato tem 25 longas nas costas, com carreira extensa. Ela injeta uma percepção muito fina. Não é o caso de S.O.S. 2, mas ela consegue melhorar até um roteiro ruim. Eu acho que a experiência feminina é incrível, a mulherada está, cada vez mais, ditando as regras. Eu acho que a mulher tem uma coisa mais elástica e flexível, também na hora de ter que ajustar as situações.

Qual a postura ao ser protagonista e coprodutora do filme?
Como coprodutora, é a minha terceira vez. Se eu quiser me tornar produtora, tenho que trilhar longos anos de experiência e conhecimento. Mas sou curiosa com a vida e gosto de aprender. Como coprodutora do filme, me disponho a trazer parceiros, a correr atrás para a viabilidade de divulgação do produto. Eu acho que nós, no Brasil, somos fortes espectadores de comédia romântica americana e pouco de história de comédia romântica mesmo ; de humor com amor. Eu como uma grande espectadora de comédia romântica, adoro o gênero.

S.O.S. pode responder a pelo do povo brasileiro, dada a política atual?
Acho que a gente está vivendo uma não política no país. Vivemos num país completamente desgovernado. É uma vergonha o trato das questões ligadas à corrupção e à impunidade. É uma vergonha o que acontece com a nossa saúde, é uma vergonha o que acontece com a nossa educação. Mas, disso tudo, sinto vergonha, desde que sou pequena. Eu, particularmente, com as pessoas que me cercam; tento fazer a diferença. Faço bazares beneficentes, regularmente. Sou pequena, mas sei que há outras pessoas, que, igual a mim, estão fazendo coisas. Só não sei qual será o destino político do país. Mesmo, de mãos atadas, a gente está aqui, e quer ver a transformação acontecer, seja de que modo for.

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