A bordo de um carro e em velocidade média de 80km/h, cerca de três horas separam Brasília e Goiânia, as duas maiores cidades da região Centro-Oeste. A distância relativamente curta tem influenciado artistas das duas cidades a atravessar a BR-060 em busca de inspiração sonora. Foi o que fez o brasiliense Kelton Gomes no disco Distraído concentrado, que sucede os EPS Sem concerto e Todo amor do mundo. Em Nessa vida, uma das mais belas faixas do álbum, entre o MPB e o folk, ele divide os vocais com Salma Jô, da banda psicodélica goiana Carne Doce.
O doce encontro dos vocais suaves de Kelton e Salma Jô aconteceu por um encantamento mútuo, provocado por um amigo em comum. ;A Carne Doce é uma das bandas com quem mais me identifico atualmente. O primeiro EP deles foi produzido pelo Eduardo Kolody, do selo brasiliense Miniestéreo da Contracultura. Ele me apresentou o som dos goianos. Recentemente, pude conhecê-los pessoalmente e essa amizade se estreitou;, recorda-se o músico, que também aponta os vizinhos do Cambriana e do Boogarins como referências. O show de lançamento está marcado para 22 de novembro, na Sala Funarte, da Cássia Eller. Se a agenda permitir, Salma Jô estará lá.
O cantor e compositor faz parte da cena recente de artistas locais que, organicamente, se unem a músicos da cidade e aos de Goiânia. Relação que traz ganhos mútuos. ;Não acredito que haja o esforço consciente de minha parte ou de nenhuma outra banda de fincar um rótulo. O que vejo é que somos cidades intensas em relação à música. Há muita gente interessada, e somos amigos. Fazer parcerias é uma consequência, mias do que uma necessidade de transformar isso em um movimento;, acredita.
Diferentemente da situação em Brasília ; onde empecilhos como a Lei do Silêncio abafam a perspectiva de aumento de locais para apresentações ;, Goiânia cresce pela quantidade de casas de shows, ainda que pequenas, e pelo número de selos independentes que fomentam artistas de lá. ;Há um estágio de organização da cadeia produtiva em Goiânia que estamos começando a fomentar só agora em Brasília. Por aqui, praticamente não existem selos. Só agora eles estão sendo formados, como o pessoal do Martelo Recs, que lançaram o grupo Almirante Shiva. Isso é supernecessário, é o que falta para ajudar a movimentar a música brasiliense e superar questões governamentais;, defende Kelton.
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