Ricardo Daehn
postado em 14/11/2015 07:30
Com uma cerimônia de homenagem ao diretor Luis Puenzo, às 20h30 de hoje, no Cine Brasília, o 4; Biff ; Brasilia Internacional Film Festival começa a ensaiar a despedida, depois de nove dias de realização. Quatro sessões amanhã, com reprises de filmes premiados (a serem divulgados hoje), encerram a festa, com outras oito sessões. Ganhador, há 30 anos, do Oscar de melhor filme estrangeiro com a esclarecedora trama de A história oficial (1985), Luis Puenzo estará em Brasília, não apenas para a sessão especial noturna da fita, mas ainda como palestrante.
"Os tempos da história são medidos em décadas: trinta anos são praticamente nada. Se temos em conta que seguimos vivendo num mesmo momento histórico (daquele de A história oficial), tudo é percebido com maior clareza;
Luiz Puenzo, cineasta
[SAIBAMAIS]No Cine Cultura Liberty Mall, a partir das 11h30 de hoje, ele vai falar sobre O Cinema Latino-Americano e seu Espaço no Mercado Internacional. Vale a lembrança das experiências prévias do diretor de 69 anos que, em coproduções internacionais, já dirigiu atores como Robert Duvall e Jane Fonda. Na disputa pelo Oscar, em 1986, Puenzo concorreu até com Woody Allen, à época, à frente de A rosa púrpura do Cairo; ambos indicados ao prêmio de melhor roteiro original. Perderam Allen, Puezo (e a colaboradora dele Aida Bortnik), com a vitória de A testemunha, thriller encabeçado por um Harrison Ford infiltrado em comunidade amish.
Mas A história oficial cravou celebrado acontecimento inédito, ao trazer o primeiro Oscar para a América Latina, bem antes da recente premiação do argentino O segredo de seus olhos. Na trama, uma professora de história, algo conservadora e cercada por redoma de segurança, fica cara a cara com dilema relacionado à ditadura argentina: tem dúvidas quanto à origem da filha adotada, que pode ter nascido da relação de prisioneiros políticos. Uma suspeita que leva a professora a redimensionar a expressão ;desaparecidos;, proposta no período dos anos de chumbo.
"A esperança é o último elementos que se perde;
Luiz Puenzo, cineasta
No palco do Oscar, em 1986, Luis Puenzo fez menção direta à reconquista de liberdades, com a queda do poder ditatorial em 1983. ;Enquanto aceito esta honraria, não posso esquecer que noutro 24 de março, há 10 anos, nós sofremos um golpe de Estado, no meu país. Nunca esqueceremos aquele pesadelo, mas, a partir de agora, começamos a dar vida aos nossos novos sonhos;, pontuou. O filme A história oficial, totalmente rodado em Buenos Aires, incorporou cenas reais da mobilização das famosas mães da Praça de Maio.
Numa interpretação primorosa da professora aturdida pela verdade, a atriz Norma Aleandro dividiu prêmio de interpretação, no Festival de Cannes, com Cher, premiada por Marcas do destino. O filme ainda levou o Globo de Ouro reservado ao melhor filme estrangeiro, além de ter sido eleito, por junta de críticos argentinos, como melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro original.
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