Diversão e Arte

Feminismo entra de vez na pauta cultural por meio de artistas na internet

Influenciadoras digitais difundem, por meio de plataformas culturais, as diferentes lutas do movimento

Rebeca Oliveira, Adriana Izel
postado em 15/11/2015 06:19

Influenciadoras digitais difundem, por meio de plataformas culturais, as diferentes lutas do movimento

Conjunto amplo de movimentos e teorias, o feminismo tem sido cada vez mais introduzido em debates populares. Pelas ruas, termos como misoginia e patriarcado são ouvidos com frequência. Em parte porque artistas, pensadoras e influenciadoras digitais ganham consciência do potencial de transformação social e cultural do movimento, difundindo-o e levantando bandeiras para além das fronteiras acadêmicas ou políticas, onde se situou desde o início, na década de 1960, na luta por direitos iguais. Presente no cotidiano feminino de forma mais constante ; e também no masculino, por homens que defendem o fim do machismo ;, o movimento é heterogêneo e tem diferentes faces. Conheça-as melhor e entenda por que, culturalmente, o termo está tão pop.

#meuprimeiroassédio
A atriz Letícia Sabatella e a apresentadora Paola Carosella foram algumas das artistas que entraram na campanha virtual #meuprimeiroassédio, promovido pelo coletivo feminista Think Olga em resposta aos ataques pedófilos sofridos por uma participante do programa MasterChef Júnior. Os relatos de famosas se juntaram aos de blogueiras, escritoras e mulheres comuns. Um dos desabafos mais impactantes foi feito pela vloger Jout Jout no vídeo Vamos fazer um escândalo, que ganhou apoio do Google e, até agora, acumula mais de 1 milhão de visualizações. ;Quanto mais você falar, colocar isso para fora e ajudar outras pessoas que também estão com essa fala engasgada, ótimo. É bom termos quem tem coragem e pode falar sobre, mas também precisamos entender quem não quer se expor. É uma questão muito delicada;, comenta a jornalista. Em breve, os depoimentos virtuais virarão um e-book e um documentário, ambos organizados por Giovanna Dealtry, professora de literatura da Uerj, no Rio de Janeiro.

A web como ferramenta
Indubitavelmente, a internet tem sido uma porta de entrada para uma nova geração de feministas. Trata-se de um grande número de mulheres que não necessariamente tiveram contato com livros de Simone de Beauvoir, mas que foram expostas e se fascinaram pelo movimento pelo que leram em sites, blogs e páginas virtuais. Foi o que aconteceu com Jéssica Ferrara e Nathalia Levy, universitárias paulistas de 22 anos. Depois de trabalhar em revistas femininas, elas passaram a se incomodar com questões como a representação da mulher nesse tipo de publicação. ;Queríamos problematizar questões como: por que termos que fazer dieta, alisar o cabelo?;, indaga Jéssica. Há alguns meses, as duas jovens criaram a página e o site Tinha que ser mulher, um observatório de mídia feminista. ;Escrevemos para a nossa faixa etária. Sabemos que existe o feminismo acadêmico, mas também pensamos nas meninas de 15 anos que ainda se preocupam em agradar garotos;, comenta Jéssica, que se diz inspirada em outras publicações virtuais, como o Think Olga, a revista Azmina e o site Lugar de mulher.

Assédio em baladas
As festas estão entre os lugares em que as mulheres se sentem mais expostas e vulneráveis e, ao mesmo tempo, é um local que, na maioria das vezes, não está preparado para lidar com a violência contra as mulheres, seja ela física seja moral por meio das cantadas. Nos últimos meses, a Influenza Produções fez uma roda de bate-papo para discutir o tema na noite brasiliense. A iniciativa veio após denúncias pelas redes sociais de casos de violência contra a mulher em um dos eventos da produtora. ;Concluímos que muitas meninas são violentadas e não têm ideia, elas acham que é normal, por exemplo, um cara a beijar à força. Começamos a implantar uma central de atendimento, com uma mulher para orientar a vítima e tomar precauções;, conta Ana Paula Camps, uma das integrantes da Influenza. A produtora também fará uma campanha a partir de 25 de novembro, dia internacional da não violência contra a mulher. A Ostara Produções, formada apenas por mulheres, também resolveu investir em opções noturnas com mais segurança e com o intuito de incentivar o consumo de arte produzida por mulheres. Assim surgiu a Vibe das Minaz, que terá a primeira edição em 12 de dezembro. ;Promover campanhas para inibir comportamento machista e dar espaço para as mulheres em todos os níveis necessários para se produzir uma festa é uma forma de combater esste problema;, defende a produtora e DJ Ostara.

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