Nahima Maciel
postado em 16/11/2015 07:32
Em Galveias, novo romance que o português José Luís Peixoto lança hoje (16/11) na Embaixada de Portugal, uma ;coisa sem nome; cai do céu e aterrissa na pequena vila homônima do Alentejo. Não se sabe o que é, de onde veio ou com que propósito, mas é certo que o fato perturba a vida do vilarejo pacato e interiorano povoado por figuras simples e marcado por cotidiano moroso. Galveias é a terra do próprio Peixoto e tema de três de seus romances. É uma obsessão que o leitor agradece e sobre a qual o autor vai falar um pouco para o público brasiliense.[SAIBAMAIS]Um dos nomes mais importantes da literatura contemporânea portuguesa, finalista de prêmios como o Portugal Telecom e o francês Femina, e vencedor de outros como o irlandês Impac e o italiano Libro d;Europa, Peixoto traz para a literatura um Portugal rural que conhece bem. Desde o primeiro romance, Nenhum olhar, publicado em 2000, o Alentejo e a interioridade são temáticas constantes. A referência sempre foi a aldeia natal, mas o autor nunca a nomeava: preferia torná-la abstrata. A vontade de nomear Galveias surgiu aos poucos e tomou corpo com a intenção de provocar no leitor uma certa identificação. ;A primeira ideia surgiu exatamente dessa vontade de concretizar, de nomear o lugar onde nasci e de partir daquilo que é muito específico para, dessa forma atingir o universal que, a meu ver, é sempre o objeto principal da literatura;, explica Peixoto.
Galveias não é uma terra pacata onde se pode levar uma vida ingênua e bucólica, fantasia comum quando se trata do mundo rural. Nos livros de Peixoto há algo de melancólico e trágico na pequena cidade, uma ameaça capaz de miná-la. Nos anos 1980, Galveias era mais populosa. Nas últimas quatro décadas, a cidade encolheu. Hoje, conta com 1.061 habitantes, metade da população dos anos 1980. Galveias está desaparecendo e o romance trata disso de uma forma simbólica. A ;coisa sem nome; representa uma ameaça à cidade. Peixoto poderia tê-la chamado de meteoro, objeto alienígena, bomba ou qualquer outro nome impressionante, mas não quis. Achou que assim reforçaria o medo sem ter que descrevê-lo. No livro, é a tradição que está em jogo, um saber cujo valor só é celebrado pelos mais velhos.
Galveias
De José Luís Peixoto. Companhia das Letras, 272 páginas. R$ 29,90. Encontro com o público hoje, às 19h, na Embaixada de Portugal ; Auditório Camões (Avenida das nações, Quadra 801, Lote 2)
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui