Diversão e Arte

Cynara Menezes lança livro em que discute temas como maconha e política

'Zen socialismo' será lançado hoje, às 19h, na Livraria Cultura do Iguatemi

Adriana Izel
postado em 17/11/2015 07:30
'Zen socialismo' será lançado hoje, às 19h, na Livraria Cultura do IguatemiA jornalista Cynara Menezes lança nesta terça-feira (17/11), às 19h na Livraria Cultura Iguatemi (Lago Norte), o livro Zen socialismo. A obra reúne as principais publicações do blog Socialista Morena, administrado pela escritora. "Quando eu comecei a fazer o blog, em 2012, eu tinha cerca de mil seguidores. Hoje eu tenho quase 200 mil. Muita gente não viu os primeiros posts e eu queria espalhar isso. Acho que um livro é sempre mais bacana", explica.

A obra tem 238 páginas e é dividida por hashtags, como Socialismo, Comunismo, Maconha e Literatura. "Aproveitei muito o formato da internet e assuntos que são uma demanda do próprio leitor. Como o blog não tem nenhuma interferência editorial, eu posso fazer do jeito que eu quiser, com muita liberdade", conta a jornalista, que não se preocupa em tocar em assuntos considerados polêmicos ou tabus. O livro será lançado amanhã em Salvador, na Livaria Saraiva.

Entrevista // Cynara Menezes

Como você escolhe os temas do blog e também aqueles que iriam para o livro?
Tem alguns assuntos que são uma demanda do próprio leitor. Eu sinto que as pessoas estão querendo ler coisas que não encontram nos veículos convencionais. Como o blog não tem nenhuma interferência editorial, eu posso fazer do jeito que eu quiser. Por exemplo, eu falo sobre maconha da maneira que eu vejo, que é muito mais liberal. Lembro que fiz uma matéria quando estava na Folha de São Paulo sobre presidentes que fumavam maconha (que está no livro) e recebi um chamado do chefe dizendo que eu estava muito a favor da liberação da droga.

No livro, você também destaca a literatura...

Eu gosto muito de resgatar escritores brasileiros e valorizar muito a nossa história cultural. A Carolina Maria de Jesus (autora do livro Quarto do despejo e tema de um dos capítulos do livro) marcou época e estava meio que esquecida mesmo em seu centenário. Não me lembro de ter saído nenhuma grande matéria e eu fiz. Às vezes as matérias de resgate fazem com que as pessoas percebam como eu vejo o mundo. Escuto as pessoas falando que não temos grandes escritores, mas é porque eles não conhecem a história do país. É um complexo de vira-lata cultural e que estou sempre trabalhando contra no meu blog. Ele fala de literatura, de política, que acho que é um papel de compartilhar conhecimento que tem sido muito esquecido.

Em um dos momentos do livro, você fala sobre essa tendência do brasileiro de valorizar a cultura americana, mas de não seguir ideias como aborto, legalização da maconha. Como você vê isso?

Eu acho que infelizmente hoje o pensamento de direita é muito pobre, eles enxergam a esquerda de uma maneira caricata. Quando a gente critica o governo dos Estados Unidos, não critica o país, a cultura e as pessoas. Eu tenho uma formação literária fortemente americana, que é a terra da contracultura do underground, tem muita coisa boa. As coisas boas, em geral, não é o que a direita quer imitar. Só as ruins.

No livro, você também fala de feminismo e mostra um pensamento diferente de algumas linhas do movimento. Para você, qual é a importância do homem participar da luta contra o machismo?
Existe uma postura de certos femininismo que acham que o homem não deve participar da luta. Eu discordo, e nisso batemos de frente. Temos que nos juntar para lutar contra o machismo. Falta um pouco disso. Existe esse pensamento bobo de homem contra mulher. Já foi assim, mas hoje é homem e mulher contra o sistema. Acho que muita gente se deu conta que é preciso chamar o homem pra essa luta. Eu tenho visto muitas mulheres falando sobre isso, como a Emma Watson na campanha HeforShe da ONU.

Em meio a tantas crises, como você vê a situação do país hoje?
Eu ando muito preocupada com o crescimento de uma direita facista e extremamente conservadora. Estou com medo do que vem acontecendo no Congresso para tirar o Partido dos Trabalhados do governo. A oposição está brincando com o Brasil. Você não pode jogar o país na mão de fundamentalistas religiosos em nome de derrubar o PT. Não pode ser a razão para o Brasil entrar na Idade Média. Acho que é obrigação do PT e do PSDB afastar essa ameaça sobre o país. Eles devem isso aos eleitores. Estamos em 2015 e é muito assustador. Isso me preocupa muito mais do que a inflação e a crise econômica. A oposição está sendo irresponsável e falta ao PT uma posição dura.

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