Nahima Maciel
postado em 01/12/2015 07:31
Quando Joaquim Paiva desembarcou em Brasília, em fevereiro de 1970, era possível enxergar o horizonte por todos os lados. Não havia prédios altos, os lagos sul e norte eram praticamente desertos e os vazios, mais evidentes. Joaquim veio do Rio de Janeiro para iniciar uma carreira diplomática. Adorou a cidade, mas sentiu falta de gente, do movimento, da presença dos corpos. Munido de uma câmera automática muito simples, foi em busca de pessoas. Os registros renderam uma coleção de imagens que formam uma espécie de mapa amador etnográfico de Brasília. Parte desse acervo deu origem ao livro Foto na hora: lembrança de Brasília, editado e publicado no México e com lançamento marcado para o início de dezembro durante o Casa Arte Foto.
[SAIBAMAIS]O livro reúne 302 fotografias realizadas entre 1970 e 1988. O próprio Joaquim tratou de editá-las em um banco cujo número de imagens nem ele sabe ao certo. Há pelo menos 10 blocos que abrangem as principais temáticas do fotógrafo. A massa humana que habitava a Brasília da época era o foco de Joaquim e boa parte desse interesse está concentrado nas imagens dedicadas à Torre de TV, à Rodoviária, à Água Mineral, ao Vale do Amanhecer e ao Núcleo Bandeirantes, lugares nos quais acreditava conseguir encontrar a essência da população brasiliense.
Ícones arquitetônicos
A arquitetura e a paisagem também estão presentes, mas nunca foram o interesse principal. ;A cidade tinha pouca gente, a arquitetura sobressaía mais, as árvores não tinham crescido. E em lugares como a Rodoviária tinha pessoas, havia algum movimento. Isso era pouco fotografado. Nunca foi a elite que me interessou fotografar, eu queria fotografar o povo;, conta Joaquim. ;Não é a cidade dos grandes ícones arquitetônicos que aparece nas minhas fotos, eram as pessoas que me interessavam.;
Foto na hora - Lembrança de Brasilia
De Joaquim Paiva. Conaculta, 256 páginas. Preço: R$ 41,20, no site http://www.educal.com. mx/0700-artes/092998-foto-instantanea.html
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