postado em 15/12/2015 07:25
Esqueça o Nasi que chocou o país ao agredir o irmão Airton Valadão, em 2007. Ou as confusões em que se meteu por conta do temperamento intempestivo, a ponto de familiares tentarem interditá-lo judicialmente. Os dilemas da vida pessoal, como o vício em drogas e o conturbado relacionamento com Marisa Monte, também estão enterrados no passado, assim como as brigas com integrantes do Ira, com quem fez as pazes e está de bem.
Nasi agora se centra na música e nos prazeres que ela lhe proporciona. Há pouco tempo, lançou no mercado mais um disco solo, Egbe, em que a cultura religiosa afro-brasileira é celebrada. Em faixas como Egbe onire, o roqueiro Nasi faz menção a Fela Kuti, nigeriano que criou e apresentou o afrobeat ao mundo. Segundo o paulista, ainda há um forte preconceito contra esse tipo de manifestação sociocultural no Brasil. A intolerância religiosa, na visão do cantor, pode trazer graves consequências ao país. ;Temos que estar muito atentos, principalmente depois dos fatos que aconteceram agora no mundo. Setores religiosos do Brasil devem prestar atenção ao que está acontecendo na Europa, que pode vir a ocorrer por aqui;, alerta.
Além da clara influência africana, o novo CD de Nasi tem os pés em sonoridades setentistas, como o blues, que, segundo ele, reforça a origem negra do rock, hoje esquecida. ;Isso ficou muito dissociado, é muito raro ver bandas com integrantes negros tocando rock. Não podemos esquecer a origem do movimento. Isso é uma maneira de traduzir o que quero fazer com a música. Quero rock com negritude;, afirma.
Nasi agora se centra na música e nos prazeres que ela lhe proporciona. Há pouco tempo, lançou no mercado mais um disco solo, Egbe, em que a cultura religiosa afro-brasileira é celebrada. Em faixas como Egbe onire, o roqueiro Nasi faz menção a Fela Kuti, nigeriano que criou e apresentou o afrobeat ao mundo. Segundo o paulista, ainda há um forte preconceito contra esse tipo de manifestação sociocultural no Brasil. A intolerância religiosa, na visão do cantor, pode trazer graves consequências ao país. ;Temos que estar muito atentos, principalmente depois dos fatos que aconteceram agora no mundo. Setores religiosos do Brasil devem prestar atenção ao que está acontecendo na Europa, que pode vir a ocorrer por aqui;, alerta.
Além da clara influência africana, o novo CD de Nasi tem os pés em sonoridades setentistas, como o blues, que, segundo ele, reforça a origem negra do rock, hoje esquecida. ;Isso ficou muito dissociado, é muito raro ver bandas com integrantes negros tocando rock. Não podemos esquecer a origem do movimento. Isso é uma maneira de traduzir o que quero fazer com a música. Quero rock com negritude;, afirma.
Leia entrevista com Nasi
O que o ao vivo te proporciona em comparação com os discos de estúdio?
Tenho uma banda de músicos que me acompanham e são dirigidos por mim. Apesar de ser um disco de solo de cantor, foi feito com uma banda, não é aquela coisa de um arranjador em que os músicos vem e só executam. É difícil explicar o que se faz na música, ela não é tao racional quando é produzida, é algo mais espontâneo, por isso decidi tocar ao vivo. Isso é uma evolução de um modo de produção que comecei no Vivo na cena com o Roy Cicala, um dos responsáveis pelo estúdio Record Plant, de NY, onde foram gravados John Lennon e outros ícones americanos, do pop ao soul. O grande talento dele é ao vivo, de shows e discos com essa pegada, sem muitos overdubs. Isso da uma perfeição maior, mas tira algo que é essencial, que é o drive. Fui nessa linha de gravação que considero muito interessante para bandas de rock. O publico contamina no bom e no malsentido, dando mais adrenalina para o artista, mas também atrapalha um pouco a questão da acústica, do ruído, de gritos, de aplausos. Tentei achar um equilíbrio entre o estúdio e o ao vivo.
Essa volta ao orgânico tem sido o norte de muitos artistas ao gravar novos álbuns. Por quê?
Porque sugere encontros. A tecnologia chegou em um ponto em que se esgota. Por isso se usa muito o termo orgânico, porque o digital e o PC, que foram e ainda são importantes em produções, acabaram esfriando a coisa. Quando o Ira! produziu o Acústico MTV, um dos melhores da banda e do projeto, tivemos uma reunião com a direção da emissora e ela nos deixar a vontade para fazer do jeito que quissemos. Ela só nos deu uma opinião ; todos os acústicos gravados com artistas que refizeram partes do álbum estúdio não tiveram o resultado do que aqueles que aceitaram as imperfeições. Os últimos tiveram um resultado comercial melhor, passaram uma verdade. Algo que parece muito subjetivo, porque, a princípio, a não ser que a edição seja muito tosca, você não percebe se foi regravado ou não. Existe alma, e é preciso achar alma de novo dentro da máquina, e a alma, na música, está muito exposta.
A sonoridade do disco passeia principalmente por country, folk e blues?
Faço um passeio por gêneros musicais que não são tão distantes assim. O country, folk e o blues são os pais do rock, eles têm um DNA em comum ; aliás, eu gosto da música americana, principalmente a música negra. Muito da música brasileira pode ser traduzida nessa tríade É o caso do Alceu Valença, artista do qual regravo a faixa Sol e chuva, de uma fase bem roqueira dele, na década de 1970, e Dois animais na selva suja, música de Taiguara escrita para o Erasmo Carlos, e que dei uma tintura de rock;n;roll maior que a original.
Como está a sua relação com o Ira! hoje?
Está excelente. O Ira! voltou há um ano e meio, e foi intenso. Na nossa volta, tocamos para 50 mil pessoas, praticamente desidratamos. Voltamos em todas as capitais, sempre lotadas, foi uma das melhores expectativas. E olha que a gente tinha grandes expectativas, se não, não voltaríamos com a banda. Esse sangue novo foi importante. Não foi só uma mudança na formação da banda, mas a integração de músicos que já estavam muito entrosados comigo e com o Edgard Scandurra. Essa volta trouxe a nossa liderança, porque havia um desleixo da gente, ficamos difuso dentro da banda, e não dava para uma banda ser liderado por quatro. Diz o ditado: cachorro que tem muita dono morre de fome.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.
Tenho uma banda de músicos que me acompanham e são dirigidos por mim. Apesar de ser um disco de solo de cantor, foi feito com uma banda, não é aquela coisa de um arranjador em que os músicos vem e só executam. É difícil explicar o que se faz na música, ela não é tao racional quando é produzida, é algo mais espontâneo, por isso decidi tocar ao vivo. Isso é uma evolução de um modo de produção que comecei no Vivo na cena com o Roy Cicala, um dos responsáveis pelo estúdio Record Plant, de NY, onde foram gravados John Lennon e outros ícones americanos, do pop ao soul. O grande talento dele é ao vivo, de shows e discos com essa pegada, sem muitos overdubs. Isso da uma perfeição maior, mas tira algo que é essencial, que é o drive. Fui nessa linha de gravação que considero muito interessante para bandas de rock. O publico contamina no bom e no malsentido, dando mais adrenalina para o artista, mas também atrapalha um pouco a questão da acústica, do ruído, de gritos, de aplausos. Tentei achar um equilíbrio entre o estúdio e o ao vivo.
Essa volta ao orgânico tem sido o norte de muitos artistas ao gravar novos álbuns. Por quê?
Porque sugere encontros. A tecnologia chegou em um ponto em que se esgota. Por isso se usa muito o termo orgânico, porque o digital e o PC, que foram e ainda são importantes em produções, acabaram esfriando a coisa. Quando o Ira! produziu o Acústico MTV, um dos melhores da banda e do projeto, tivemos uma reunião com a direção da emissora e ela nos deixar a vontade para fazer do jeito que quissemos. Ela só nos deu uma opinião ; todos os acústicos gravados com artistas que refizeram partes do álbum estúdio não tiveram o resultado do que aqueles que aceitaram as imperfeições. Os últimos tiveram um resultado comercial melhor, passaram uma verdade. Algo que parece muito subjetivo, porque, a princípio, a não ser que a edição seja muito tosca, você não percebe se foi regravado ou não. Existe alma, e é preciso achar alma de novo dentro da máquina, e a alma, na música, está muito exposta.
A sonoridade do disco passeia principalmente por country, folk e blues?
Faço um passeio por gêneros musicais que não são tão distantes assim. O country, folk e o blues são os pais do rock, eles têm um DNA em comum ; aliás, eu gosto da música americana, principalmente a música negra. Muito da música brasileira pode ser traduzida nessa tríade É o caso do Alceu Valença, artista do qual regravo a faixa Sol e chuva, de uma fase bem roqueira dele, na década de 1970, e Dois animais na selva suja, música de Taiguara escrita para o Erasmo Carlos, e que dei uma tintura de rock;n;roll maior que a original.
Como está a sua relação com o Ira! hoje?
Está excelente. O Ira! voltou há um ano e meio, e foi intenso. Na nossa volta, tocamos para 50 mil pessoas, praticamente desidratamos. Voltamos em todas as capitais, sempre lotadas, foi uma das melhores expectativas. E olha que a gente tinha grandes expectativas, se não, não voltaríamos com a banda. Esse sangue novo foi importante. Não foi só uma mudança na formação da banda, mas a integração de músicos que já estavam muito entrosados comigo e com o Edgard Scandurra. Essa volta trouxe a nossa liderança, porque havia um desleixo da gente, ficamos difuso dentro da banda, e não dava para uma banda ser liderado por quatro. Diz o ditado: cachorro que tem muita dono morre de fome.
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