Diversão e Arte

Cantora Lila tem o primeiro EP como aposta para 2016

A amapaense lançou a primeira produção independente neste ano e foi considerada artista destaque de 2016 pelo Spotify

postado em 16/12/2015 10:00
Após ser indicada artista revelação pelo Prêmio Multishow 2015, a cantora Lila entrou na lista de apostas do Spotify - uma plataforma de streaming de músicas - para o ano que vem. Amapaense, que criou raízes no Rio de Janeiro, Eliza Lacerda lançou o primeiro álbum autoral em maio deste ano, mas o sucesso está começando a extrapolar as fronteiras cariocas.
A cantora viu sua música ganhar reconhecimento nacional quando Aparição foi a mais compartilhada no aplicativo ao fim da primeira semana de dezembro. E Strobo tem videoclipe previsto para o começo de 2016.
Lila é aposta para 2016

O primeiro EP

Aos 7 anos Lila gravou um LP, aos 20 participou de um grupo vocal. Dez anos depois lançou o disco autoral Pé de dança (com o qual não se identifica) e gravou outros tantos de bossa nova e de temática infantil para o exterior. Há cerca de dois anos, a cantora decidiu fazer uma produção genuinamente própria e com o jeitinho dela. Mergulhou profundamente na pesquisa musical, buscou se auto conhecer, refinou as referências e assumiu a investida sozinha.
Produção independente, o EP Lila começou a tomar forma quando o diretor artístico Pedro Garcia decidiu ajudar. ;Ele está comigo desde o princípio, pensando nos mínimos detalhes;, conta. Para produzir, a cantora convidou Lucas Vasconcellos, da banda carioca Letuce, que também assina duas músicas. A coprodução e mixagem das faixas ficou por conta de Iky Castilho. O repertório está focado na música contemporânea: ;Queria gravar coisas inéditas e aproveitar a atual geração de compositores, que tem muita gente boa;.
Lila também optou por gravar as músicas de uma forma inédita. Longe dos estúdios tradicionais e da vida corrida da cidade grande, Lila viajou com a equipe para Angra dos Reis e montou toda a estrutura necessária em uma casa próxima à praia. ;Estúdio é muito frio e eu queria criar um ambiente convidativo, onde todo mundo pudesse imergir;, explica.
Em um triângulo amoroso com as próprias raízes musicais, Lila buscou trazer referências das regiões brasileiras que a influenciam de algum modo. Amapense de nascença, mineira de família e carioca por vivência, a artista trouxe contemporaneidade às sonoridades nacionais.

Ritmos de Lila

Funk e samba não poderiam ficar de fora: ;O funk marcou a década de 1990 no Rio, quando estava na adolescência, e o samba me influenciou muito musicalmente;. No EP, o primeiro ritmo dá o tom na música Aparição com formas que Lila considera contemporâneas e internacionais. O samba mostra sua cadência em Bicheiro do meu samba e Strobo, esta construída a partir de um jogo de palavras quase sem preposições.
A intérprete também tem a percussão muito aguçada nos ouvidos. Tocou surdo no bloco carioca Bangalafumenga durante sete anos, quando as movimentações de rua estavam começando a ganhar força no carnaval. Antes disso, pulou muitos carnavais em Ouro Preto, onde vive a família. A diversidade musical dos blocos também afetaram suas percepções sonoras: ;não tocava só samba, tinha coco, maracatu, xote e vários outros ritmos populares;.
As referências do Amapá vêm de forma sutil na mensagem das letras. ;Não tenho a vivência da música do Norte, mas nasci em um vilarejo no meio da Floresta Amazônica e isso afeta minha relação com a natureza e a forma como entendo minha experiência no planeta;, reflete. Hoje ;mais cantora do que batuqueira;, como se descreveu, Lila canta no bloco carioca Fogo e Paixão e participa da roda de samba da família, o Quarteto Primo.
Por enquanto, Lila tem feito shows apenas no Rio de Janeiro, mas pretende visitar outros estados no ano que vem. O álbum pode ser ouvido e baixado no site oficial ou em aplicativos digitais como o Spotify e o iTunes.
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Uma vida na música

A carreira profissional de Lila começou aos 7 anos, quando a música ainda não era coisa séria. ;Venho de uma família muito musical, mas ninguém se dedica exclusivamente a isso. Talvez por isso demorei a entender que viver de música era uma possibilidade real;, explica. Quando pequena, Lila saía das aulas de balé e se infiltrava nos ensaios de coral das irmãs mais velhas. Logo o regente a convidou para gravar um LP com músicas folclóricas infantis e, assim, ela o fez.
Na juventude, durante a faculdade de Comunicação, voltou forte o interesse pela cantoria e Lila entrou para o grupo Mulheres de Holanda, que interpretava exclusivamente canções de Chico Buarque. Com elas, participou de shows e turnês por 10 anos, até que decidiu investir em uma carreira solo.
O primeiro disco, Pé de dança foi patrocinado pelo pai de Lila. Produzido pela Albatroz, a obra foi um sucesso no Japão e Lila entrou para o casting de artistas da gravadora. Mesmo assim, a cantora não considera este o disco que marca sua carreira: ;Quando finalizei o CD já não me identificava com a produção;.
Na época, o processo de pesquisa e amadurecimento, tanto musical, quanto pessoa, a fizeram se conhecer melhor e compreender a musicalidade que se encaixava com ela. ;Hoje, ouço aquelas músicas e acho que foram muito boas para uma cantora principiante;, completa.
Ainda pela gravadora, participou de discos com temática bossa nova que reuniam diversos artistas da música brasileira e tinham, como público alvo, países estrangeiros, especialmente na Ásia. Também gravou quatro discos infantis comercializados no mercado japonês. ;Foi uma experiência interessante cantar músicas que fizeram parte da minha infância;, lembra ela, que dividiu o microfone com uma menina de 7 anos.

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