Diversão e Arte

J.J. Abrams cria novo Star wars para fã nenhum botar defeito

O mérito do longa é mesclar elementos clássicos com personagens novos e carismáticos

postado em 17/12/2015 11:43
O mérito do longa é mesclar elementos clássicos com personagens novos e carismáticos
Expectativas altas dificilmente são atendidas com total satisfação. Em se tratando do novo Star wars, que teve pré-estreia no Brasil na madrugada de quarta para quinta-feira (17/12), os fãs já teriam ficado satisfeitos com um filme digno da franquia cinematográfica mais famosa e querida da história desta galáxia - especialmente após o lançamento de uma pré-trilogia redundante e esquecível, ou alguém aí tem saudades de Jar Jar Binks e Hayden Christensen como Darth Vader?

Pois o diretor J.J. Abrams e o roteirista Lawrence Kasdan fizeram o impossível: eles entregaram não só um excelente filme de ficção científica, como conseguiram fazer uma obra comparável em qualidade com qualquer uma da trilogia iniciada nos anos 1970.

Ok, O despertar da força pode não ser um feito totalmente original. Diversos de seus elementos e de sua narrativa foram retirados dos três primeiros filmes (os quais, por sua vez, se inspiraram em obras como A fortaleza escondida, de Akira Kurosawa): sua trama começa 30 anos após O retorno de Jedi e a nova ameaça é a Primeira Ordem, versão moderna do Império, comandada por Kylo Ren e pelo sombrio Líder Supremo, ecos de Darth Vader e do Imperador Palpatine. Se o Império tinha como maior trunfo a Estrela da Morte, uma arma capaz de destruir um planeta inteiro, a Primeira Ordem construiu uma versão 2.0 do artefato, capaz de aniquilar diversos sistemas simultaneamente.

O mérito do longa é mesclar elementos clássicos com personagens novos e carismáticos
[SAIBAMAIS]Nada disso, no entanto, prejudica a experiência. O despertar da força consegue mesclar referências dos três primeiros filmes com os personagens, andróides e criaturas novas para criar um Star wars perfeito para o século 21, coisa que os últimos filmes da série falharam miseravelmente em fazer. Aliás, referências, uma ova! A participação de Chewbacca, Han Solo, Princesa Leia - agora, General Leia, comandante da Resistência -, não é mero recurso para agradar fãs e despertar nostalgia barata. A associação do it couple da trilogia original com o vilão Kylo Ren é essencial para o desenrolar da trama. Até RD-D2 tem um papel importante no final da fita, ao ajudar a encontrar o mestre Luke Skywalker, a presença (ou ausência) mais enigmática do filme. Só faltou Lawrence Kasdan escrever uma participação mais efetiva para C3PO;

E quem diria? R2-D2 e C3PO não são mais a dupla de robôs mais carismáticas e queridas da galáxia. O título agora pertence a BB-8, um andróide cujas demonstrações de felicidade e tristeza despertaram risos e `ahhhhhs` da plateia. BB é apenas uma das novidades da franquia que funcionaram. As outras duas são John Boyega, que interpreta Finn, um stormtrooper desertor da Primeira Ordem que se junta à causa da Resistência e cujo carisma e humor deram leveza à obra, e Daisy Ridley, a heroína de O despertar, uma escavadora que deverá aprender os mistérios da Força para enfrentar Kylo Ren, brilhantemente interpretado por Adam Driver.

Não sei se é o fã em mim, ou se o filme é realmente impecável. Difícil também dizer quando foi que eu percebi que o jogo estava ganho. Terá sido nos créditos iniciais, quando o famoso letreiro com a sinopse apareceu acompanhado da inconfundível música de abertura de John Williams? Quando Chewbacca e Han Solo fizeram sua primeira aparição a bordo da Millenium Falcon? Ou no abraço de Han e Leia, separados e, agora reunidos, pela mesma tragédia? Só sei que, na cena final, suficiente para explodir a cabeça de qualquer fã que tenha o mínimo de apreço por tudo que Star wars representa, eu já estava entregue, pedindo substituição. Foi uma goleada.

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