Diversão e Arte

Legado de Manoel de Barros celebra 99 anos do poeta

Para comemorar a data, Secretaria de Educação de Bonito escreveu artigo sobre o escritor

Loiva Heidecke Schiavo
postado em 18/12/2015 14:00

Para comemorar a data, Secretaria de Educação de Bonito escreveu artigo sobre o escritor

O poeta virou passarinho, disse a neta quando Manoel se foi. Às vésperas do Natal, ou precisamente a uma semana das comemorações do nascimento de Jesus Menino, o poeta da escrita intrigante e palavras ;de inocência e felicidade infantil;, completaria neste 19 de dezembro mais um ano. Não tive o prazer de conhecer pessoalmente o poeta Manoel de Barros. Somente por meio de seus livros e ;entrevistas poéticas;, mas ainda nos sentimos criança ao debruçar em sua literatura.


Em Bonito, entre as matas do cerrado, à beira do Rio Formoso, a presença dele fica ainda mais latente quando buscamos em sua poesia ;transver; o mundo. Assim é que recarregamos nossas energias diárias e carregamos ;água na peneira;, brincado de jogar nossas ;pedrinhas no bom senso;.

Desvairios

Por meio de Manoel aprendemos aguçar ainda mais nosso exercício de possibilidades poéticas e nos renovando como ser humano. Possibilitando nos ;des-aprender;, ;des-ler;, enfim, reensinando;nos a ler um mundo, quando nos (re)apresenta sua linguagem dissimulada de encantamentos e desvairios.


O poeta vai virando pelo avesso os nossos sentidos e assim alcançamos com ele, esse criança(mento) das palavras. Em imagens lúdicas trazidas em seu retorno constante e insistente à infância.

[SAIBAMAIS]Brinquedo

O poeta, que entre outros nos legou, ;Gramática Expositiva do Chão;, nos remete à sua eterna infância. Infância de brincadeira com ;criaturas; como sapos, formigas, lesmas, etc. Escreve seus versos curtos porque usa delas (as crianças) a mesma inocência, de quando brincava com essas ;criaturas;. De onde veio e onde cresceu não tinha brinquedo pronto. Por isso passou a vida a brincar ;de palavras descomparadas;.


De brinquedos fabricados por ele mesmo, como boizinhos de osso, bolas de meia e automóveis de lata que, ao longo dos tempos, vêm sendo suprimidos do mundo infantil. Mas, na visão do poeta, são de suma importância para desenvolver a capacidade criativa da criança por serem ;medidos pelo encantamento;. Brinquedos fabricados pelo homem, como bicicleta, avião, automóveis ou nave espacial, viram sucatas e são produzidos para que a criança seja ;brincada por eles;. Os brinquedos sofisticados acomodam a mente e o seu poder de imaginação. Destroem a nossa liberdade criativa, enquanto enriquecem a indústria que não a da poesia. Assim imbricada na memória e na sua maneira de ser criança se produziu o sentido verdadeiro de sua escrita. Porque conseguem marcar e influenciar uma época e toda uma geração, ao longo dos anos. Muitos poetas e poemas se tornam influentes e modificam a vida da gente e de muitas pessoas.

Para comemorar a data, Secretaria de Educação de Bonito escreveu artigo sobre o escritorUm silêncio

Em ;Pequeno Esclarecimento;, Mario Quintana retrata os poetas: ;Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação;. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... ;Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.;


Manoel era como o caramujo-flor de sua poesia. Aquele bichinho que se esconde quando alguém se aproxima. Manoel era assim, tímido e pequeno, mas um poeta imenso de lavar com sua poesia nossa alma e coração.

Legado

Devemos lembrar e falar do Manoel sempre no presente, porque a obra dele permanecerá perene. Seus escritos e poesia são universais, saíram da base física do Pantanal e hoje pertencem ao mundo. Poetas nunca morrem, permanecem vivos em nossa memória e revivem a cada citação que deles fazemos. Os poetas são eternos e Manoel se cristalizou, entrelaçando palavras rebordadas em prosa e versos.


Sua poesia transcende o limite do tempo finito. E está frutificada no coração de todos nós que a saboreamos. Bem vindo à eternidade e feliz natal meu poeta preferido!

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