Diversão e Arte

Grupos de teatro mantêm viva a tradição de apresentações em locais públicos

O teatro de rua no Brasil surgiu como uma forma de voz contra a ditadura, e se coloca, até hoje, como uma manifestação artística acessível

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 19/12/2015 07:34

O teatro de rua no Brasil surgiu como uma forma de voz contra a ditadura, e se coloca, até hoje, como uma manifestação artística acessível

;Ninguém cria afeto por algo que não conhece, por isso eu acho muito importante oferecer à população o teatro na rua. As pessoas têm que conhecer aquilo para que se desperte algum interesse.; Assim o ator e artista de rua Zé Regino defende o crescimento e o incentivo à arte criada e apresentada nos espaços públicos da cidade. O teatro de rua no Brasil surgiu primeiramente como uma forma de voz contra a ditadura nos anos 1980, e se coloca, até os dias de hoje, como uma manifestação artística acessível e de grande importância para estimular e incentivar plateias que se encantem e passem a ser público frequente nos teatros.

Thiago Francisco, ator do grupo Mamulengo Fuzuê e criador do projeto Teatro para encantar gente, que tem como alicerce a pesquisa e experimentação cênica de espetáculos baseados em personagens das ruas, conta porque decidiu se apresentar fora dos espaços fechados: ;Nós escolhemos a rua pela necessidade de estar em contato com as pessoas e de compartilhar, trocar algo com a população. O momento em que os artistas se apresentam na rua é também um instante em que as pessoas podem comungar e compartilhar um espaço que é de todos e para todos;.

O ator explica que a expectativa dos artistas de rua é conseguir interagir com o público e construir ali, naquele momento, naquele lugar em que as pessoas estão só de passagem, um novo espaço. Hoje em dia é possível perceber a consolidação desse tipo de teatro, com mostras específicas e a participação em importantes festivais teatrais locais e nacionais.

Os dois artistas fazem parte do projeto Teatro para encantar gente, que pretende ser um laboratório contínuo de teatro de rua, com a criação de personagens a partir de tipos observados em feiras, praças, pequenos mercados e outros espaços populares.

Exercício para o ator

Se conquistar a atenção e o encanto do público em espaços físicos fechados já é difícil, na rua o trabalho é ainda mais suado. Zé Regino, que começou sua experiência teatral na rua ainda nos anos 1980, com o grupo Retalho, conta que nesse espaço a relação é mais direta em todos os aspectos.

;Não é como no teatro que você tem toda uma estrutura entre você e os espectadores, e ainda assim, é preciso mantê-los como cúmplices durante todo aquele tempo em que você está realizando seu trabalho. É um exercício muito importante para o ator, uma escola;.

Zé Regino lembra que se um ator aprende a lidar com a grande quantidade de variáveis e interferências que surgem nessas apresentações, saberá lidar com mais tranquilidade com as variáveis que surgem em um teatro fechado, de qualquer vertente ou estilo. Já a atriz Maíra Oliveira, ressalta que na rua as pessoas não estão lá especificamente para ver o espetáculo e isso faz toda a diferença.

;A gente aprende a ser mais humilde, a lidar com todo o barulho junto acontecendo, som de carro, cachorro, gente reclamando, gente abraçando;, lembra a atriz, que ressalta ainda outro grande encantamento no teatro de rua: é possível juntar e misturar diferentes pessoas durante as apresentações, há ministros e mendigos na plateia, todos fazem parte da confraternização.


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