A figura austera de Bento XVI, que renunciou ao papado em fevereiro de 2013, encontrou em seu substituto uma nova forma de representar a Igreja Católica. Capaz de se comunicar tanto com os jovens quanto com os cardeais de longa estrada, o papa Francisco moldou seu discurso à contemporaneidade após décadas marcadas pela perda de fiéis para outras religiões. O argentino faz justiça à profecia dos Engenheiros do Havaí na música O Papa é pop, e, uma das figuras mais carismáticas do novo milênio, não poderia deixar de surpreender os fiéis com estratégias ousadas para se comunicar com o maior número de pessoas possível. O lançamento do álbum Wake up! (Acorda) mostrou ao mundo que, além de orações e de discursos progressistas, o papa gosta de música.
Distribuído pela gravadora Belive Digital, o CD mescla hinos sacros da tradição cristã, preces e mensagens destinadas a diferentes nações. As 11 faixas tratam de assuntos diversos. São reflexões conduzidas pela voz de Francisco, que se alterna entre serena e passional. Apesar de as orações conduzirem o projeto, as músicas passam longe do marasmo de salmos monotônicos e, em vez de apaziguar os ouvintes, pretende inquietá-los.
A sétima faixa, que dá título ao álbum, ganhou destaque porque foi originada em um discurso de 2014 para a juventude do sudeste asiático na Coreia e teve mais de um milhão de visualizações em poucos dias no YouTube e no SoundCloud.
Passado e presente se mesclam em Wake up! (Acorda) porque, apesar de rememorar hinos que de modernos nada têm, traz à tona questões da atualidade. O Cântico do Sol, famosa prece de São Francisco em espanhol, funciona como mensagem para a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O álbum, que inclui um livreto com 24 páginas com preces, letras e trechos de sermões, não se limita ao latim, e explora mais quatro idiomas.
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