Um dos nomes mais expressivos da arte abstrata americana da segunda metade do século 20, o artista Ellsworth Kelly morreu nesta segunda-feira (28/12), aos 92 anos, no estado de Nova York. Apesar de nunca ter integrado oficialmente nenhum grande movimento artístico, Kelly era considerado um dos precursores do minimalismo e da pop-art. A interação irregular entre a forma e as cores era uma das marcas de sua pintura, geralmente formada por composições abstratas e geométricas.
Kelly teve uma trajetória peculiar e original. Durante a juventude, nos anos 1940, integrou o exército americano e criou estampas de camuflagem para os uniformes e utensílios usados pelos militares. Dessa experiência vieram algumas das formas abstratas que aparecem em suas pinturas. O surrealismo também serviu de fonte para as composições e, sobretudo, para a maneira como Kelly desenhava. A prática de desenho automático venerada pelos surrealistas como espontânea e fruto do inconsciente era uma das inspirações do artista americano. Ele preferia beber na fonte da história da arte a se deixar levar pelas tendências contemporâneas de sua época.
Kelly viveu e produziu no momento em que o expressionismo abstrato projetava os Estados Unidos no mundo da arte internacional, mas nunca aderiu ao movimento. O fato de ser um desagarrado permitiu ao artista transitar com certa liberdade pelas escolhas artísticas sem ter que prestar contas a uma maneira de fazer ou a um pensamento específico sobre a arte. Em uma entrevista ao The New York Times, em 1996, Kelly explicou que, em certo momento da vida, se deu conta que não queria compor imagens e sim encontrá-las. ;Meu maior interesse;, explicou o artista, ;é a investigação da percepção;.