Diversão e Arte

Figuras ilustres do samba ajudaram a criar identidade própria na cidade

Nomes como Carlos Elias, Cássia Portugal e Sandra Borges também são referências às novas gerações

Irlam Rocha Lima
postado em 31/12/2015 06:02
Dois clássicos de Brasília: Sambista Carlos Elias, tendo ao fundo azulejos do artista plástico Athos BulcãoA história do samba em Brasília começa antes mesmo da inauguração da nova capital, com o desfile de blocos, formados por policiais da GEB, na Cidade Livre. Logo depois, servidores públicos, que vieram para cá transferidos do Rio de Janeiro, fundaram as primeiras escolas de samba, entre elas, a Alvorada em Ritmo e a Brasil Moreno.

Pioneiras, elas foram antecessoras das duas agremiações que vieram se tornar as mais famosas, a Associação Recreativa Unidos dos Cruzeiro (Aruc) e a Acadêmicos da Asa Norte. As duas tiveram entre os seus integrantes compositores ancestrais, como Edinho da Magali, Miro Brasília, Manoel Brigadeiro e Julinho do Samba, e os cantores Nilton de Oliveira (o Sabino) e José Lourenço.

Na década de 1970, o ponto de encontro dos apreciadores do mais brasileiro dos gêneros musicais passou a ser o Casarão do Samba, que funcionou por quase uma década onde hoje existe o Museu de Arte de Brasília. Lá, José Lourenço era uma espécie de anfitrião de artistas que vinham fazer show na cidade ; de Roberto Ribeiro a Alcione.
[SAIBAMAIS]
Em seguida, houve o surgimento de incontáveis casas noturnas que passaram a ter o samba como principal atração, entre elas a Camisa Listrada, cujo mérito maior foi apresentar aos brasilienses um certo Carlos Elias. Mas a veterana Aruc, fundada em 1962, é que se manteve como símbolo de resistência cultural.

Ao longo dos anos, além de tornar-se a campeoníssima do carnaval candango, a escola recebeu em sua sede, no Cruzeiro Velho, para shows memoráveis, os nomes mais representativos do samba: do mangueirense Cartola à Velha Guarda da Portela, do grande Paulinho da Viola à ;madrinha; Beth Carvalho, passando por João Nogueira, Zeca Pagodinho, entre outros bambas.

Carlos Elias, que sempre defendeu as cores azul e branco da Aruc, transformou-se num ícone da música em Brasília. Ao lado dele, Daniel Jr., Dilson Marimba, Sérgio Magalhães, Cássia Portugal e Sandra Borges são alguns dos representantes da tradição do samba na capital, e são reverenciados por novos cantores e compositores, que os veem como referência e inspiração.

Referência para novos sambistas

Breno Alves, Amilcar Paré, Cris Pereira e Ana Reis são jovens sambistas que têm bebido na fonte de representantes da tradição do samba em Brasília. Eles veem como expressivo o legado de Carlos Elias, Daniel Jr. e Sérgio Magalhães, Dilson Marimba, Cássia Portugal e Sandra Borges, tidos como exemplos serem seguidos.

Para Breno, vocalista e pandeirista do Adora Roda, a contribuição de Carlos Elias à carreira dele foi muito importante, inclusive por ter apresentado a ele mestres do samba, tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro. ;Em 2012, acompanhei-o num show na sede do Cordão do Bola Preta. Lá, vi o respeito que bambas como Monarco, Noca da Portela, Wanderley Monteiro e Beth Carvalho têm por ele. Quem produziu o show foi o Carlos Monte, pai de Marisa Monte.;

Vocalista e violonista do Filhos de Dona Maria, Amilcar Paré era pré-adolescente quando conheceu Daniel Jr. ;Meu pai era cantor e o Daniel chegou a acompanhá-lo. Mesmo ligado ao samba, ele têm uma formação bossa-novista e isso fica claro nos acordes que cria. Ouvindo-o, pude amolar minha percepção do campo harmônico;, destaca.
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