Diversão e Arte

Previsibilidade domina noite do Globo de Ouro

Prévia do Oscar consagrou Leonardo DiCaprio e o longa O regresso

Morena Mascarenhas - Especial para o Correio, Ricardo Daehn
postado em 11/01/2016 17:09
Poucas foram as surpresas na entrega do Globo de Ouro, importante prêmio concedido em Hollywood aos melhores do cinema e da tevê. A consagração de títulos esperados, sem maiores arroubos de criatividade começa a delinear a expectativa por um Oscar igualmente previsível. As indicações ao prêmio máximo da indústria do cinema sairão nesta quinta-feira (14/1) e, dificilmente, não contemplarão o grande vencedor do Globo de Ouro, O regresso. A fita saiu da noite de domingo com as estatuetas de filme, direção e ator, que finalmente consagrou Leonardo DiCaprio e ainda o credenciou para um inédito e esperado Oscar.

A noite do Globo de Ouro apontou também regressos, a partir da premiação do melhor coadjuvante Sylvester Stallone, ainda sob o estigma do papel de Rocky Balboa (que traz consigo desde 1977). Emocionado, o ator foi aplaudido de pé pelos colegas da plateia. A noite aindafez justiça a personalidades renegadas, caso do gigante autor de trilhas para cinema Ennio Morricone, dono apenas de Oscar honorário, mas que nunca faturou um prêmio na seara competitiva. Voltou ao páreo, pelas mãos do parceiro de longa data Quentin Tarantino, diretor de Os oito odiados.

Tevê
Se no cinema, a previsibilidade deu as cartas absoluta, entre as produções televisivas, houve um pouco mais de espaço para o inesperado. A série Mozart in the jungle surpreendeu ao bater as favoritas Silicion valley, Veep e Transparent. E ainda consagrou o mexicano Gael García Bernal como o melhor ator de comédias ou musicais.

Mas quem chamou mesmo a atenção foi Lady Gaga ao subir no palco para receber o prêmio por American horror history: hotel. De quebra, a cantora e atriz ainda esbarrou em Leonardo DiCaprio e viralizou na internet.

Da mesma forma, a premiação inesperada de Taraji Henson como melhor atriz descambou a vitória dada como certa para Viola Davis por How to get away with murder. Ver a série de drama Mr. Robot levar a premiação em vez de Game of thrones também foi uma quebra de paradigmas.

Os anúncios imprevisíveis chegaram a alimentar esperança de que pela primeira vez na história, um ator brasileiro poderia sair da festa premiado. No entanto, não foi tão decepcionante assim ver o americano Jon Hamm sair vitorioso pela excelente atuação como o publicitário Don Draper, na série Mad men em vez do brasileiro Wagner Moura, protagonista de Narcos.

A coroação do óbvio, no Globo de Ouro, obriga à reconsideração do peso artístico, em contraponto à indústria ávida por bilheteria e figuras que agreguem mídia. Nesse cenário, como poderiam deixar de fora dos prêmios, uma figura como Lady Gaga ou ainda a menina com toque de ouro Jennifer Lawrence, destacada como melhor atriz na comédia Joy: O nome do sucesso?

Qual prova seria mais contundente, nessas regras do jogo, do que a premiação da ordinária música Writting;s on the wall, de Spectre, do consagrado jovem Sam Smith? Para uma sociedade tão mecanizada, como não laurear o roteiro de Steve Jobs, justamente escrito pelo mesmo Aaron Sorkin que estabeleceu padrões em fitas como A rede social e O homem que mudou o jogo? A derrota, no terreno do Globo de Ouro, de um filme potente como Spotlight, definitivamente, soa como esperada, numa festa em que Al Pacino perde prêmio para Matt Damon, concorrente por Perdido em Marte (comédia ou musical?).

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