O motel como local destinado ao sexo é uma concepção tipicamente brasileira. Esse detalhe fisgou a atenção do antropólogo francês Jérôme Souty. Radicado no Rio de Janeiro desde 2004, ele começou a observar e a pesquisar o lugar dessa instituição na sociedade brasileira. O resultado está em Motel Brasil: uma antropologia dos Love Hotels, recém-publicado, em francês, pela Riveneuve Éditions, e já em processo de tradução para o português.
;No começo, estranhei muito esse lugar;, conta Souty. ;Na Europa, o motel não existe, eu não entendia aquilo. Tem esse estranhamento e também a parte visual, que me interessou bastante, a dimensão dos prédios, as fachadas, o cenário e a decoração interna dos quartos. É muito heteróclito, misturado.;
Fotografias e muitas entrevistas com clientes, empregados e gerentes, assim como a etnografia de alguns estabelecimentos, formaram a base para a pesquisa. Aos poucos, Souty passou a compreender o motel como um lugar central no modo de viver brasileiro: todo mundo vai, independentemente da idade, desde que maior de 18 anos, e da orientação sexual. ;Quase todo mundo já foi uma vez num motel;, constata o antropólogo.
Ele entendeu também que podia falar da sociedade urbana contemporânea e da sociedade brasileira inteira a partir da reflexão sobre o hábito de frequentar o motel. ;É um lugar limiar, é um pouco afastado, transgressivo e tem a questão do mau gosto. Por outro lado, é muito central, todo mundo vai. Achei muito interessante, é um lugar diferente, singular da sociedade contemporânea;, reflete.
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