Diversão e Arte

Gê Orthof abre exposição em que questiona a brasilidade em sua próproa obra

O artista, um dos laureados no Prêmio Marcantônio Vilaça, faz instalação que reflete a própria vivência

Nahima Maciel
postado em 17/01/2016 06:21

O artista, um dos laureados no Prêmio Marcantônio Vilaça, faz instalação que reflete a própria vivência

Um questionamento por parte de uma curadora fez a mente do artista Gê Orthof matutar algo sobre o qual raramente pensa: a presença da brasilidade em sua obra. No ano passado, Orthof esteve entre os cinco laureados do Prêmio Marcantônio Vilaça e um dos prêmios consiste em ser acompanhado por dois curadores, um sênior e um júnior. Da conversa com Daniela Name, a curadora júnior, nasceu parte da instalação que o artista mostra hoje no novo espaço da Alfinete Galeria. Confabulo ]matulo me mato[ é uma estrutura de ripas de balsa unidas por alfinetes que se mantêm coesos graças a um conjunto de ímãs. Ao redor, barquinhos conduzem animais de porcelana em miniatura a um destino inusitado.

Orthof acredita que o Brasil está, sim, presente em sua obra, embora isso possa acontecer de maneira codificada. Confabulo, por exemplo, é fruto de várias experiências bem brasileiras e ainda mais brasilienses. Há alguns meses, o artista trocou um apartamento na Asa Norte por uma casa na reserva São Bartolomeu e montou o ateliê em cômodo com vista para um descampado no qual observa a natureza. Passou a conviver com bichos nada domesticados, como lagartos e pássaros, o que trouxe uma nova perspetiva.

Os bichinhos de porcelana de Confabulo vêm, também, dessa vivência. ;Essa experiência da paisagem nova começou a me provocar. Apareceu também Guimarães Rosa, que era autor predileto do meu pai, que me fez ler ainda na pré-adolescência. Tenho pensado muito nessas ligações;, avisa o artista. Uma livre associação com o nome do autor de Grande sertão: veredas trouxe a cor rosa para a instalação. Cor maldita na arte, considerada de mau gosto, socialmente desaconselhada para homens e símbolo de feminilidade, o rosa suscitou questões importantes para Orthof, cujas obras são sempre pontuadas por reflexões políticas. ;Comecei a ligar tudo isso com o Rosa, uma livre associação mesmo, por mais absurda e nonsense que pareça;, avisa.

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