O ano passado foi marcado pela Primavera Feminina, quando o espaço da mulher na sociedade e na cultura foi debatido como há anos não se via. Os próximos meses prometem ser igualmente intensos na batalha de artistas femininas por equidade e representatividade. No início do mês, a notícia de que nenhuma mulher constava na listagem inicial de 30 indicados ao festival de quadrinhos francês de Angoulême ; considerado o Oscar das tirinhas ; causou a indignação de muitos artistas. A discriminação, evidentemente, trouxe revolta. A ministra da cultura francesa foi uma das primeiras a se manifestar. ;A cultura deve ser exemplar em matéria de paridade, de representar a diversidade;, afirmou.
O italiano Milo Manara (conhecido pelos quadrinhos quentes envolvendo mulheres) juntou-se a 1/3 dos indicados e disse que não participaria da premiação, o que fez a organização mudar as regras. Com uma curadoria extra, a organização se retratou e optou por estender a lista, incluindo artistas mulheres. O acontecimento pôs em xeque a participação feminina no mundo das HQs. No Brasil, a situação não é diferente. No ano passado, apenas cinco mulheres foram premiadas no troféu HQ Mix, o maior do país, contra 23 homens.
Para Samanta Coan, Samara Horta e Mariamma Fonseca, editoras do site Lady;s Comics, uma dos mais conhecidos na divulgação de quadrinistas mulheres, ações como a ocorrida na França são essenciais para que haja mudanças em relação a como a mulher é vista no mundo dos quadrinhos. Elas não escondem o otimismo diante do debate de gênero, mas torcem para que este engajamento não seja pontual, expandindo-se a outras questões e problemas. Sobretudo no Brasil, que tem uma cena menor que a francesa e onde existe o receio de fazer ;crítica direta de insatisfação quando algum evento, prêmio, coletânea, exposição e figura pública não são realistas com o contexto que estamos vivendo;.
Na pele do outro
;Quando ela existe, há pessoas que deslegitimam o questionamento do outro, muitas vezes partindo de uma experiência pessoal como a única verdade, mas não está na pele do outro que foi excluído e silenciado durante a história. Existe falta de empatia e de abertura para melhorar esses produtos culturais. Se há quem mostre as incoerências, há também quem queira potencializar o cenário atual tornando-o mais igualitário;, afirma Samanta Coan, que, em parceria com Samara Horta e Mariamma Fonseca, também comanda o banco de dados Bamq! (Banco de Mulheres Quadrinistas), a revista Risca, e o projeto Quati (Quadrinhos, Educação, Traços e Imaginação), previsto pra acontecer no segundo semestre de 2016.
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