Um dos pais da Nouvelle Vague, conhecido principalmente pelos filmes Paris nos pertence (1960) e L;amour fou (1968), o cineasta Jacques Rivette morreu ontem, aos 87 anos, deixando como marca na cinematografia francesa dos anos 1960 uma narrativa particular e complexa. Nascido em 1926 como Pierre Louis Rivette, começou a carreira ao lado de nomes consagrados do cinema mundial, como Jean Renoir e Jacques Becker, mas foi na companhia de Jean-Luc Godard, Claude Chabrol e François Truffaut que Rivette, já com o prenome de Jacques, deu início a uma das aventuras mais marcantes do cinema francês.
Preocupada em questionar as formas de produção cinematográficas, a própria narrativa tradicional e o papel do ator na cinematografia, a Nouvelle Vague encontrou em Rivette um de seus representantes mais comprometidos. Não havia tema tabu para ele. Com curta-metragens como Le quadrille (1950), tendo Godard como ator, e Le coup du Berger (1956), rodado no apartamento de Claude Chabrol, ele deu início à carreira que seria marcada, sobretudo, por uma extrema liberdade de pensamento.
O nonsense de filmes como Céline e Julie vão de barco (1974), viagem lisérgica na qual as personagens se deslocam no espaço e no tempo cada vez que ingerem uma pílula, ou os longos diálogos de Paris nos pertence, no qual desfilam personagens como o cineasta Philip Kaufman e o diretor de teatro Gérard Lenz, símbolos de um repertório explorado por Rivette em 30 filmes rodados ao longo de cinco décadas.
Alguns episódios polêmicos marcaram a vida do cineasta, especialmente nos anos 1960. Considerado o mais misterioso dos nomes da Nouvelle Vague, Rivette também estava entre os mais experimentais. Costumava filmar sem dirigir e gostava de deixar os atores agirem espontaneamente. Em 1963, ele assumiu a direção da revista Les Cahiers du Cinéma em um golpe que colocou para fora da direção o também cineasta Eric Rhomer. Rivette e Rhomer se enfrentaram algumas vezes. O primeiro acusava o segundo e sua equipe de deslumbre com o cinema antigo norte-americano. Rivette queria imprimir um certo tom de modernidade à revista e conseguiu fazer isso por pouco mais de um ano, quando decidiu voltar para as câmeras e filmou A religiosa, com Anna Karina.
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