Ricardo Daehn
postado em 04/02/2016 07:30
Pelo cinema, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu pode ser incapaz de mover montanhas, mas não pensa duas vezes em provocar avalanche para registro de cena que dispense recriações em computação gráfica. Foi assim que fez em O regresso, filme que, como confessado ao The Guardian, o conduziu à essência de sua arte: ;Tornar o impossível provável;. Mergulhado numa narrativa de desbravamento e de resistência, no longa-metragem recordista de 12 indicações ao Oscar, Iñárritu exauriu elenco e equipe técnica para adaptação do conto real (parcialmente saído de livro de Michael Punke) que circunda a vida de Hugh Glass, no começo do século 19, vagando, por 45 dias, em busca de abrigo, depois de um ataque ; à primeira vista, mortal ; de um urso.[VIDEO1]
Agregado a folclóricos eventos às margens do Rio Missouri, o episódio de violência é o ponto-chave e um divisor de águas na vida do protagonista, Hugh Glass, personagem que, finalmente, deve render o Oscar de melhor ator para Leonardo DiCaprio. De tão comentado, o ataque do urso (esse, criado por meio digital) chegou a ser noticiado, pela imprensa, como um ;estupro; do personagem de DiCaprio, sobrevivente solitário de uma expedição desastrada na trama.
Com filmagens estendidas do Canadá à Argentina, O regresso retrata os primórdios da exploração do Centro-Oeste norte-americano. No enredo, predominam elementos de traição e de perdas que incluem dolorosas mortes. ;Quando trato de coisas tristes, vou até o fim;, já explicou o cineasta, que, aos 52 anos, sempre se afirmou com tramas pesadas, como em 21 gramas e Babel.
[SAIBAMAIS]
Romper limites, no desenrolar de uma aventura predominantemente sequenciada, e sem cortes, rendeu bastidores assumidamente estressantes para os profissionais integrados à produção de gastos estimados em US$ 135 milhões. Dispensar o uso de luz artificial e o desafio de temperaturas na casa dos 25 graus negativos fizeram parte da rotina dos atores.
Para se ter uma dimensão dos riscos à frente do retalhado e vingativo caçador Glass ; nos anos 1970, recriado nas telas pelo mesmo rude intérprete de Um homem chamado cavalo, Richard Harris ;, basta ouvir a análise de Iñárritu: ;Glass reaprende a reviver e retorna algo morto de um processo de cura, no qual se propõe ao próprio renascimento;.
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