Momentos latentes de amor. É assim que o fotógrafo paulista Vitor Barão define os conceitos que permeiam o projeto Amor(a). Héteros, gays, poliamorosos e até sozinhos, os personagens permitiram que, como uma espécie de voyeur, o artista invadisse a intimidade deles na busca de uma tradução imagética para o mais passional e antigo dos sentimentos. Para revelá-las, o biólogo usa uma solução caseira à base de amoras, que as faz mudar de cor e se desintegrar com o tempo, assim como acontece nas relações humanas. À medida que são clicadas, ainda de maneira digital, as fotos ficam disponíveis em um site e no aplicativo de imagens Instagram.
;Quando fiz as primeiras fotos, vi que elas não desapareciam por completo, mas mudavam de tom. Elas ficam menos nítidas, só que sem sumir completamente. O amor é um pouco assim. É diferente para todo mundo e amadurece ou acaba. O pigmento da fruta usado na revelação é tão fugaz quanto pode ser um relacionamento;, afirma Vitor.
Fenômeno curioso, segundo o fotógrafo, foi a repercussão quando postou os primeiros cliques com casais que fugiam do padrão heteronormativo. Em vez de críticas, ofensas e de ver o número de seguidores diminuir (atualmente, são 15 mil pessoas), dado o preconceito que ainda permeia parte da população, Vitor recebeu incentivo dos internautas. ;Esperava esbarrar com a homofobia de parte do público, mas isso não aconteceu;, relembra.
[SAIBAMAIS]Outro fenômeno curioso ocorre quando Barão posta as fotos misturadas entre si, e não na sequência dos ensaios. Nem sempre há como identificar quem é o personagem, ou se a figura retratada é um homem ou uma mulher. ;Queria que transparecesse o discurso de que o amor e o sexo são universais. Elas são feitas com a mesma luz e editadas com tratamento parecido, têm uma estética semelhante. Já aconteceu de as pessoas elogiarem um casal que aparentemente é hétero e, na verdade, é um casal gay. Tenho lutado para que isso se diluia, para que não choque, que vire algo normal. Porque é;, pontua.
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