Diversão e Arte

Filme português Cartas da guerra agrada na programação de Berlim

Cartas de amor se misturam a belicismo, no longa baseado em António Lobo Antunes e apresentado no festival alemão

Rui Martins - Especial para o Correio
postado em 15/02/2016 11:23

O filme português Cartas da guerra, do realizador Ivo Ferreira, foi bem acolhido no Festival de Berlim. Conta a história verdadeira do médico António Lobo Antunes mobilizado para a guerra colonial em Angola, onde sentindo-se só, com pano de fundo os horrores, escreve cartas para sua esposa.


No filme em preto e branco, rodado em Angola, revivendo o movimento das tropas, são lidos muitos trechos dessas cartas de amor, guardadas pela esposa, transformadas em livro e selecionadas para o filme pelas duas filhas do casal.

Além de descrever a vida dos soldados na guerra colonial, estas cartas foram os primeiros escritos daquele que se tornaria um dos grandes escritores portugueses, António Lobo Antunes.

Diante da miséria presenciada como médico dos soldados, Antunes contava ter se conscientizado da questão colonial e do absurdo da guerra. Nessa época, 1971, o pai do realizador Ivo Ferreira vivia exilado em Paris, para onde fugiam muitos jovens, antes de serem enviados para a guerra colonial.

Paradoxalmente, foi a guerra colonial que acabou provocando a queda da mais longa ditadura europeia, criada por Salazar. O excelente filme Cartas da guerra, de guerra e romantismo, está no concurso internacional do Festival de Cinema de Berlim e concorre aos ursos de ouro ou de prata, a serem comunicados no próximo sábado, pela atriz Meryl Streep, presidente do júri.

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