Diversão e Arte

Grandes eventos de dança contemporânea chegam a Brasília

Nova Dança e a Mostra de Dança XYZ movimentam o cenário artístico da capital em fevereiro

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 21/02/2016 07:34

Nova Dança e a Mostra de Dança XYZ movimentam o cenário artístico da capital em fevereiro

Inspirada na ruptura de estruturas estritamente clássicas e na autonomia do intérprete/bailarino para construir partituras coreográficas a partir de pesquisa, variações de ritmo, velocidade e improvisação, a dança contemporânea já faz parte da cultura brasiliense. Dois importantes festivais ; Nova Dança e a Mostra de Dança XYZ ; movimentam o cenário artístico da capital em fevereiro.Com a participação de companhias de outras cidades e artistas locais, as mostras trazem apresentações, atividades formativas, além de relembrar trabalhos desenvolvidos e consolidados por grupos tradicionais de Brasília, como Basirah, Alaya e o Anti Status Quo. Essas companhias são algumas das que tentam manter ativo o cenário artístico brasiliense, mesmo em meio à falta de incentivo e a ausência de espaços.


A chegada simultânea de dois grandes festivais na cidade fomenta a cena com espetáculos, oficinas, palestras e artistas dos mais variados lugares. No entanto, a visibilidade traz à tona a reflexão sobre a falta de incentivo para o desenvolvimento artístico na cidade e para o crescimento de grupos que consigam se consolidar e representar Brasília.

Tradição


Na década de 1990, o grupo EnDança destacou-se no cenário nacional e internacional. Giselle Rodrigues, dançarina e professora no Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília (UnB), começou a dançar aos 13 anos e fez parte da trupe ao longo de boa parte da formação como bailarina. Ela também esteve à frente do conhecido Basirah. Para a professora, o crescimento da arte brasiliense é prejudicado pela falta de uma política que permita longas temporadas de apresentação de espetáculos, tanto na dança quanto em outras áreas de criação. ;Eu acredito que existe um cenário de dança contemporânea em Brasília mas ele ainda não é tão forte e poderia ser mais representativo se a gente tivesse mais incentivo na cidade, mais espaços para aulas, um centro para desenvolver atividades pedagógicas na área, aí sim a dança aqui teria força;, afirma.

Giselle lembra ainda que o aumento de espaços para criação artística, além de mais incentivo para projetos como o Novadança e o XYZ, possibilitando maior continuidade dessas iniciativas, poderia facilitar a troca de experiências entre a antiga e a nova geração de bailarinos e outros profissionais da dança brasiliense. Lenora Lobo, criadora da Alaya, outro importante nome da dança contemporânea de Brasília, ressalta a falta de renovação dos grupos na cidade e conta que a companhia se transformou em um núcleo de dança em razão da falta de manutenção que pudesse manter um elenco remunerado e hoje, o Núcleo Alaya vive de montagens, pesquisa, formação e produção de mostras de intérpretes criadores.

O processo de criação

Cena do espetáculo Alaya Dança 20 em Cantos, da Companhia Alaya

As possibilidades dentro do conceito de dança contemporânea são grandes e sendo assim, o processo de criação dos grupos também costuma variar. Na Anti status quo o trabalho é sempre feito em colaboração com os bailarinos e geralmente se iniciam com reflexão e estudos a respeito do tema, pesquisas e leituras de texto, além de relatos dos integrantes do grupo. Depois, os artistas criam estratégias e exercícios de sensibilização para abordar o tema a partir do corpo e do movimento, com muito improviso e assim, a coreografia vai sendo delineada , junto com a criação dramatúrgica. Já na cia. Alaya a preparação do elenco é feita através do método Teatro do movimento e a criação acontece por meio de pesquisas e laboratórios coreográficos, parcerias com músicos e desings de cena.

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