Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 22/02/2016 09:45
Com artistas engajados e professores preocupados em trazer para os alunos brasilienses o melhor do que aprenderam ao longo de sua trajetória artística, Brasília se consagrou como uma cidade preparada para formar atores, cantores e bailarinos prontos para o mercado de teatro musical, que, no Brasil, ainda tem sua base no Rio de Janeiro e em São Paulo. No entanto, artistas e produtores locais têm se esforçado para profissionalizar a produção da cidade. Nos últimos dois anos espetáculos como Entre sonhos e sonhos, Boa sorte e o recente Domingo no parque (em montagem), todos criados em Brasília, movimentaram o cenário artístico e mostraram o potencial da criação autoral da cidade.
A produção de teatro musical ainda encontra dificuldades para se desenvolver em Brasília, enfrentando problemas de falta de espaço e incentivo. No entanto, alguns nomes já conhecidos do público brasiliense têm se esforçado para profissionalizar o mercado na cidade, compensando a falta de recursos com criatividade e esforço coletivo. É o caso da tradicional Escola de Teatro Musical de Brasília (ETMB). Michelle Fiuza, diretora da escola, trabalha com o gênero há 10 anos e acredita que o crescimento de escolas e profissionais especializados no ensino do gênero tem feito girar a engrenagem na capital. Esses profissionais levam uma melhor preparação aos artistas, o que eleva o nível dos espetáculos, atraindo mais público e, consequentemente, mais pessoas interessadas no estudo da arte.
Entre sonhos e sonhos (2014), inteiramente criada, escrito e produzido por artistas brasilienses, foi resultada do trabalho da Companhia de Teatro Musical de Brasília, formada pela mesma equipe da ETMB, que já revelou e exportou diversos talentos, atualmente integrando grandes produções em outras capitais. Fabio Gomes é um desses artistas. Ele participou do musical O sonho do cowboy (de 2011 a 2013), no Beto Carreto World, em Santa Catarina e protagonizou a montagem de Avenida Q (2015) em Fortaleza.
O ator voltou para Brasília no ano passado e acredita que a capital não deixa a desejar no quesito de preparação dos artistas. ;A única diferença real que eu percebi entre as capitais é que lá eles tinham mais recursos financeiros para a produção, mas nossos diretores, coreógrafos e atores estão, em sua maioria, em um nível excelente.;, afirma.
Repercussão
Outra importante iniciativa local, Boa Sorte, foi criado e produzido pelo brasiliense Gabriel Estrela. O ator emocionou o público em 2015 ao produzir a peça inspirada em sua história de superação com o HIV. O espetáculo teve repercussão nacional, mostrando que a criação brasiliense pode alcançar outros lugares do país. Gabriel ressalta que é complicado produzir na cidade, já que muitos artistas ainda não estão acostumados a trabalhar no meio profissional, apesar de serem muito bons artisticamente. ;Eu acredito que o ideal é que os artistas possam sim ir trabalhar em outras cidades, com Rio de Janeiro, São Paulo, outras capitais, mas que voltem para Brasília. A cidade está muito carente, precisando de artistas que fiquem para lutar por ela;, ressalta.
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