Diversão e Arte

Por onde andam Odair José, Wanderléa e a banda 14 Bis?

A pequena exposição na mídia não impede que artistas famosos reconquistem o público

postado em 22/02/2016 09:54
Wanderléa: cantora conquista novos segmentos de públicoEles já tiveram a experiência do estouro nas rádios. Já foram os nomes do momento e recheavam as páginas dos jornais e revistas, mas agora vivem um período de consolidação de suas carreiras sem o aporte dos veículos de comunicação. São artistas que viveram um Brasil de outras décadas, marcadas pela forte presença da indústria fonográfica. O Correio entrevistou três nomes da música brasileira que continuam com carreiras de sucesso atendendo um público fiel mesmo com holofotes tímidos, cuja admiração independe da exibição. Wanderléa, Sergio Magrão, do 14 Bis; e Odair José têm em comum a legião de fãs que ultrapassam gerações e vivem entre uma rotina de shows e aparições.

O trio formado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa deixou um legado e marcou um período áureo da indústria fonográfica no Brasil. A carreira solo de Wanderléa, que começou na década de 1970, naturalmente atraiu uma legião de fãs da Jovem Guarda. ;Esses fãs que me acompanham desde a adolescência são os melhores que existem. É difícil em dias como hoje manter uma carreira de 50 anos. Nossa fase marcou não apenas a música, como também o lado comportamental do brasileiro. Estamos na memória afetiva do público;, afirma a artista.

Para Wanderléa, a indústria fonográfica no país é caracterizada pela velocidade do sucesso de novos artistas. ;Hoje em dia contamos nos dedos o acervo musical dos nomes que estão na mídia, que sempre acaba assumindo um determinado nome. Quando você conhece um artista, hoje, a pergunta que fica é quantas músicas dele você conhece. Muitos deles não têm repertório;, avalia a artista integrante do Conselho da Música Popular Brasileira.

Carreira dispersa

[SAIBAMAIS]Segundo a cantora, apesar do público cativo da década de 1960, os trabalhos da carreira solo são cobrados por um novo público. ;Tenho fãs que me acompanham desde a época pós-jovem guarda. Já fiz um show no Teatro Municipal de São Paulo apenas com as músicas da segunda fase do meu trabalho;, ressalta Wanderléa. Mesmo com a carreira consolidada, a ex-integrante da Jovem Guarda não participa com frequência de programas televisivos. ;Tenho uma carreira muito dispersa. Eu poderia estar muito mais presente na mídia, assim como os programas de televisão, mas com o tempo ficamos mais preguiçosos e seletivos. Independentemente dessa exposição, eu não deixo de fazer shows;, afirma Wanderléa, que se apresenta em 22 de março no Teatro Porto Seguro, em São Paulo, em um projeto que homenageia o primeiro álbum solo da artista, Wanderléa Maravilhosa, lançado em 1972. O trabalho também resultou na gravação de um DVD no ano passado, realizada pelo Canal Brasil.

A pequena exposição na mídia não impede que artistas famosos reconquistem o públicoEntrevista // Sergio Magrão, do 14 Bis

Como é seguir carreira sem o foco da grande mídia?

Fácil não é. Mas a primeira coisa que você tem que ter é qualidade na sua música. Com qualidade, aos poucos você conquista o público e o renova. Cerca de 60% do público está na faixa dos 15 aos 25 anos e a maioria é composta por filhos de fãs. Fazemos muitos eventos públicos: aniversários de cidades, prefeituras, etc... Nesses shows, tocamos para 20 mil, 15 mil pessoas e nessa leva conquistamos mais gente. Acho que as redes sociais têm um papel muito importante para quem não está na mídia. Infelizmente, hoje em dia, alguns programas musicais de rádio e TV se transformaram em verdadeiros caça-níqueis.

Qual é a diferença de tocar a um público no auge e a fãs cativos após a fase mais intensa?
Nós somos anteriores a esse boom de bandas de pop rock. No começo da carreira, na década de 1980, fazíamos 120 shows anualmente. O carinho e o tratamento que damos a esse público cativo é fundamental porque o mantemos por muitos anos. Ficamos mais tempo no camarim recebendo essas pessoas e isso é um grande termômetro para nós: eles dão um feedback de nosso trabalho, que é muito mais pesado do que o de quem está constantemente na mídia. Nós percebemos nitidamente a diferença com o comprometimento desse público, que faz questão de vir ao nosso encontro.

Após 35 anos de carreira houve mudanças no 14 Bis. Quais mudanças você destacaria?
Não abrimos mão da qualidade da nossa música. Nesses últimos anos usamos e abusamos da tecnologia que surgiu na parte técnica. A maioria dos artistas usa o que chamamos de pré-gravados, que é diferente do playback. Nessa tecnologia é possível ter um clipe tocando no ouvido do músico enquanto ele pode colocar alguns arranjos por cima. Se você quer um som diferente como violinos e arranjos de cordas, esse recurso é muito efetivo. Isso diminui os custos da produção e o principal, enriquece a música. Mesmo com tudo isso nunca abrimos mão do bom violão e do bom piano. Mas nossa base continua sendo importante: Beatles, Luiz Gonzaga, Bossa Nova e Clube da Esquina são algumas de nossas referências mais fortes.

E os planos da banda para este ano?

Estamos seguindo com o projeto Encontro Marcado: uma união do 14 Bis, Flávio Venturini e a dupla Sá e Guarabyra. São 30 sucessos com colegas que marcaram esses 35 anos de carreira do 14 Bis. A primeira vez que eu e o Flávio trabalhamos como músicos profissionais foi com Sá e Guarabyra. Isso resultou em parcerias muito importantes. Queremos gravar um DVD desse encontro em breve.

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