"O índio sabe escrever de várias maneiras, se a gente está fazendo um colar ou uma esteira, por exemplo, estamos escrevendo e registrando nossa cultura". Nas palavras de Graça Graúna, professora e primeira índia com doutorado na área de literatura, a arte indígena tem várias faces, que vão da tradição oral aos livros com o retrato da cultura dos povos.
Como ressalta Graúna, as histórias das chamadas sociedades tradicionais, não são voltadas para determinada faixa etária, mas a representação de mitos, lendas, aventuras e costumes encantam crianças e adultos ao dar voz a contos passados por gerações. "Partindo de histórias contadas pelos mais velhos, os mais jovens aprendem muito, sem rótulos, apenas com a percepção dentro da cultura indígena", acrescenta a escritora.
Assim como a professora, outros escritores, como Yaguarê Yamã e Daniel Munduruku, transformam o grafismo das etnias a que pertencem em livros que fortalecem a literatura brasileira e mostram a força do imaginário tradicional. "A história oral é muito bonita e tem que ser mantida, mas quando a gente passa a escrever essa história, além de passar toda a tradição mostramos o que existe na nossa cultura", afirma Yaguarê, que completa dizendo que escrever tanto contos tradicionais, quanto os inspirados em personagens reais, ajuda manter vivos os ensinamentos e os encantos dos povos: "Acho que tem muita história perdida, porque os mais velhos estão morrendo e não estão conseguindo passar esses contos com a agilidade que estamos vivendo".
Já para o professor Daniel Munduruku, por mais que a divulgação da cultura seja importante, a publicação de livros ainda é difícil. ;Quando pensamos em publicar um livro, precisamos pensar no mercado consumidor da sociedade que é seletivo e cria barreiras para publicar livros de literatura indígena;, afirma. Segundo Munduruku, as editoras se interessam em publicar quando há a possibilidade de o governo colocar nos editais, mas como esses também são restritos, a literatura continua prejudicada.
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