Nahima Maciel
postado em 01/03/2016 07:31
Sylvio Fraga não gosta muito quando suas músicas são classificadas como ;a nova MPB;. Ele logo desconstrói a expressão e prefere falar em ;música criativa;. De fato, a criatividade é marca da música desse economista formado na PUC que queria o diploma para fazer mestrado em poesia. Cigarra no trovão, segundo disco de Fraga, é cheio de experiências musicais.
[SAIBAMAIS]Gravado ao vivo, é fruto da interação de uma banda que ensaia três vezes por semana e mantém coesão fundamental para lapidar as faixas. Essa rotina, na opinião de Sylvio, é responsável pela capacidade criativa do quinteto formado por Bruno Aguilar (baixo), José Arimatéa (trompete), Lucas Cypriano (piano) e Mac Willian Caetano (bateria). ;A gente ensaia durante três horas e é um trabalho contínuo de busca, fazendo arranjos, testando coisas novas, num diálogo constante de criação, sempre com bases diferentes e influências novas;, explica. ;Isso é importante porque não é um disco que tem um produtor, as composições e aí chama os músicos, pega os arranjos e grava. É como se fosse uma banda de garagem de adolescentes que estão sempre tocando juntos. A cara do trabalho são esses encontros regulares.;
O experimentalismo, ora marcado por uma pegada rock;n roll, ora de mãos dadas com o jazz ou com a MPB, Cigarra no trovão é mais um disco de palavras do que de melodias. A característica faz sentido, já que Sylvio também é poeta e não hesitou em convidar amigos do ramo para parcerias. Assim, com Eucanaã Ferraz fez Pedras brancas e com o norte-americano Matthew Rohrer e Pedro Dias Carneiro, fez No canavial alienígena. Rorhrer também assina Blue whale em parceria com Sylvio, uma das faixas mais delicadas do disco.
Ao mesmo tempo que lança Cigarra no trovão, Sylvio publica Cardume, segundo livro de poesia, escrito enquanto fazia o mestrado em poesia na New York University. Depois de formar em economia e de dirigir o Museu Antonio Parreiras, ele decidiu que era hora de se dedicar às coisas importantes. No caso, a poesia. Cardume, descrito por Antonio Cícero como ;um dos melhores livros de poesia contemporânea;, tem âncora no cotidiano, especialmente naquele vivido no mato e junto aos bichos.
Cigarra no trovão
De Sylvio Fraga Quinteto. 13Faixas, PandaPeri. R$ 30
Cardume
De Sylvio Fraga. 7 Letras, 108 páginas. R$ 35
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