No princípio, eram barro vermelho e árvores tortas. Uma mistura de Marte, paisagem de outro planeta, com cerrado inóspito de terra esturricada. Delírio da seca intensa de rachar lábios e solas de pés. A cidade foi ganhando formas ousadas, planos, retas, ângulos e até uma catedral, com cintura bem fininha nasceu no meio do planalto. E surgiam monumentos ;de papel crepom e prata;, como bem lembrou Caetano Veloso em Tropicália.
O suor de operários, embalado pelo som de britadeiras e martelos, fez nascer a nova capital do país. O artista plástico Jô Oliveira traz, por meio do traço firme e rústico, o clima que pioneiros como o pai trouxeram para a cidade em formação. ;Meu pai foi candango de última hora;, recorda ao explicar o porquê da série inédita que representa momentos da construção de Brasília.
O delírio da seca ; ou a capacidade de delirar diante do belo e do inusitado ; inspira imagens de alguns artistas plásticos da cidade. Assim, Marte vira arte, encarte de jornal, destaque em galerias. Francisco Galeno pinta no céu uma pipa que faz viajar a imaginação; Clarice Gonçalves liga o cérebro, o centro da cidade, às cidades-corações que fazem pulsar vias arteriais e ruas largas, especialmente no fim do dia, quando é necessário que o trabalhador descanse. Taigo Meireles encara os anjos de Alfredo Ceschiatti, na Catedral Metropolitana, e o Itamaraty se liquefaz no espelho d;água.
Esses artistas apresentam trabalhos inéditos ; produzidos com exclusividade ao Diversão ; com representações de Brasília que invadem a imaginação deles. São pinturas e ilustrações que trazem reflexão, saudade, devaneios, contemplação, esperança e epifanias.
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