A artista suíça Sarah Burger sempre carregou uma espécie de preocupação filosófica quanto à imagem que se tem da realidade e como ela realmente se apresenta. Quando desembarcou em Brasília, há quatro semanas, Sarah acalentava uma imagem de cidade construída a partir da leitura de muitos textos e fotografias. As composições em preto e branco do francês Marcel Gautherot, fotógrafo oficial de Oscar Niemeyer durante a construção da cidade, ecoavam na retina da artista. No entanto, há sempre uma lacuna entre o imaginado e a realidade. Brasília é colorida e isso já faz uma diferença. É monumental, e estar no meio das escalas também faz diferença, já que assim é possível experimentar a perspectiva real da monumentalidade. Ao mesmo tempo, ao percorrer o Eixão pela primeira vez, a artista sentiu que todo aquele contexto era muito natural e sempre estivera ali.
Essas percepções alimentaram as reflexões de Sarah, que faz residência no Elefante Centro Cultural e inaugura hoje exposição com obras produzidas a partir da experiência brasiliense. Modern leaves nasceu das caminhadas da artista pela cidade e da observação da vegetação plantada em Brasília. Sarah se deparou com folhas de coqueiros e passou a coletar as que estavam caídas no chão. No ateliê, cobriu as folhagens com cimento e criou esculturas que unem dois dos materiais mais presentes em Brasília.
Algumas dessas esculturas estarão na galeria e serão, depois, distribuídas por pontos estratégicos da cidade. ;Vou acrescentar um pouco mais de concreto à cidade;, brinca a artista, que encara esses pequenos totens como pontos de interferência na dinâmica urbana. ;A ideia de trabalhar com plantas me veio porque a presença delas é muito forte nesse ambiente moderno.;
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