Diversão e Arte

Pioneira do transgênero inspirou personagem de 'A garota dinamarques'

Autor do livro que deu título ao filme fala sobre as referências e pesquisas que fez para a história

postado em 28/03/2016 07:30

Lili Elbe, em 1926: ela viveu uma história de amor numa época marcada por preconceitos

A figura de Lili Elbe trouxe inquietação desde que se tornou conhecida para o escritor David Ebershoff. Ele soube que Lili seria uma das primeiras pessoas a passar por uma cirurgia de afirmação de gênero e se perguntou sobre o porquê do nome dela não ser tão conhecido. Resolveu pesquisar e se deparou com reportagens sobre a personagem, do começo da década de 1930, quando ela, pela primeira vez, contou a própria história a um jornalista dinamarquês. David conheceu, também, a biografia semificcional Man into Woman, publicada em 1933, pouco tempo após a morte de Lili. Este livro se tornou importante fonte de pesquisa para David e o levou até as pinturas de Gerda Wegener, que, segundo o autor, ;abriram uma janela importante na história;.

Em entrevista ao Diversão & Arte, David Ebershoff falou sobre o desafio de escrever sobre uma figura complexa como Lili Elbe e manter o equilíbrio entre as contradições e falhas e a beleza, graça, inteligência, vitalidade e criatividade, características da personalidade da artista. O livro de David foi adaptado para o cinema com título homônimo, ainda em cartaz em algumas salas de Brasília, e recebeu quatro indicações ao Oscar. A atriz Alicia Vikander, que interpreta Gerda Wegener, levou a estatueta na categoria de atriz coadjuvante.

Durante a pesquisa para escrever o livro, com quais dificuldades se deparou e como conseguiu resolver?
Um dos maiores desafios foi encontrar o ponto de equilíbrio para escrever respeitosamente e honestamente sobre Lili, mostrando sua complexidade, contradições e falhas. Ela era humana e eu queria apresentar sua completa humanidade, beleza, graça, inteligência, vitalidade, criatividade, ingenuidade, vaidade e os poderes e limitações de sua imaginação. Queria retratá-la de maneira real no papel e não como uma personagem histórica bidimensional. Lili Elbe foi uma pioneira ; uma heroína de verdade para muitos, inclusive para mim, mas esperar perfeição de nossos heróis é pedir-lhes para ser tudo, menos humanos.

Você acredita que a arte de Einar se dissocia da figura de Lili. O artista, nesse caso, pode separar o trabalho da transição de personalidade que ele viveu?
Esta é uma história sobre artistas ; sobre observar o potencial de sua atuação no mundo; sobre imaginar algo antes de sua existência; sobre desafiar convenções para criar. Desde o início, sabia que a arte e o ato criativo seriam temas importantes neste livro.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação