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Confira filmes que fizeram sucesso no cinema e retratam presidentes

Na ficção, ou aproveitada em roteiros realistas, a figura de presidentes mundiais anda em alta no cinema

Ricardo Daehn
postado em 31/03/2016 07:35
Na ficção, ou aproveitada em roteiros realistas, a figura de presidentes mundiais anda em alta no cinema
Uma realidade de incertezas, fundada em instabilidade política, azedada por comportamentos crivados de tirania. Entre o dia a dia dos brasileiros e a tentativa de entretenimento, nos cinemas, é quase impossível se descolar do peso de medos e dos estragos de extremistas. O cenário de impasses, até em escala mundial, favorece, nas telas, representações de governantes em ação. Nem sempre, porém, os enredos afunilam para uma ideologia de bem coletivo.

Os meandros daqueles que comandam parte das nossas vidas está em foco de fitas como Conspiração e poder, já em cartaz na cidade e atrações prometidas para o futuro, entre as quais O presidente, Do que vem antes e Invasão a Londres.
Da lista, o último já tem data de lançamento nacional confirmada para a próxima semana. Sequência de Invasão a Casa Branca (2013), um dos filmes com reféns mais lucrativos da atualidade e que faturou US$ 161 milhões, Invasão a Londres mostra uma conjuntura aterradora, com líderes mundiais sequencialmente mortos, depois de participarem justo de enterro do primeiro-
ministro britânico. Dirigido pelo cineasta de origem iraniana (mas formação sueca) Babak Najafi, o longa coloca, em risco e em ação direta, o fictício presidente dos Estados Unidos Benjamin Asher (Aaron Eckhart).
Também esperado para o circuito das salas de cinema de Brasília, o longa filipino Do que vem antes virá ancorado numa dramaturgia poética, mas que trata de opressão. No filme em preto e branco, e que transcorre em quase seis horas de projeção, o decreto 1081, assinado em 1972, institui a lei marcial no dia a dia do arquipélago sob o comando da ditadura de Ferdinando Marcos, que esteve no poder entre 1965 e 1986. A ação do exército, em ambiente rural circundado pela precariedade de um governo inoperante, está entre os acontecimentos da trama.

Crítica // Conspiração e poder ###

O conto da marolinha -- que vira cataclismo, e instala um caos político nacional --, os brasileiros bem conhecem. Com a sobreposição de verdades relativas, muitas vezes fomentadas pela mídia, que criam painel saturado de tensão, Conspiração e poder, o filme de estreia de James Vanderbilt (roteirista de O espetacular Homem-Aranha), pode ampliar os sentidos dos eleitores brasileiros, a partir de padrão gringo de descrédito sobre governantes.
Na trama, o republicano e presidente George W. Bush está num fogo cruzado (com direito, no filme, a aparição em imagens de arquivo). A aliança entre a produtora Mary Mapes (Cate Blanchett, sempre irretocável) e o âncora da CBS Dan Rather (Robert Redford, um bastião de credibilidade) expõe para a opinião pública um presidente de passado nebuloso, em termos de engajamento, nos anos 1970, na Guarda Nacional.
Numa corrida contra o tempo, a equipe de Mapes, integrada por profissionais com mais de 20 anos, tem poucos dias para editar um impactante episódio do programa 60 Minutes. No processo de pesquisas e de cavar fontes, tropeça em caipirões texanos caricatos (aos moldes de Bush), entre os quais o magnata Ben Barnes e Bill Burkett, fazendeiro e ex-militar que promete municiar a equipe com documentos incendiários.
Longe do impacto de um Spotlight (o filme vencedor do recente Oscar), James Vanderbilt, que, para o longa policialesco de David Fincher Zodíaco, havia elaborado o roteiro, constrói um pertinente filme para o momento de radicalização nacional. Sem endeusar Mapes (que, entre feitos, foi das primeiras a denunciar a rede de torturas em Abu Ghraib), discorre, com sensatez, sobre fatores que respaldam a verdade, avalia autenticidade de interesses infiltrados na seara política e confronta o poder do dinheiro e dos cala-bocas, ao revelar sabatinas (de nítidos traços corporativistas) sofridas por jornalistas.

Outros líderes nas telas

Dez passos imortais (1960)
O presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt pode ter enfrentado, como governante, a Segunda Guerra Mundial e resquícios da Grande Depressão (1929), mas, no cinema, foi retratado por Ralph Bellamy, em momento de caos pessoal, com os efeitos da poliomielite contraída nos anos de 1920. Pelo drama, a atriz Greer Garson concorreu ao Oscar, como a esposa dele, Eleanor.

Give;em hell, Harry! (1975)
O diretor Steve Binder, sempre lembrado pelo clássico de 1968 Elvis, assinou a fita baseada em peça teatral que expõe feitos e vida do 33; presidente norte-americano Harry S. Truman, que governou entre 1945 e 1953. James Whitmore, num raríssimo caso de monólogo indicado, concorreu ao Oscar. O título -- algo como "passa um sabão neles, Harry" -- foi extraído da boca de incendiário cabo eleitoral de Truman, contrário aos republicanos.

Nixon (1995)
Mais uma vez controverso, o diretor Oliver Stone recria a vida do polêmico e aparente estadista Richard Nixon, antes de ele ter sido flagrado no escândalo de Watergate. Um presidente em renúncia é magistralmente composto por Anthony Hopkins.
Treze dias que abalaram o mundo (2000)
"O tempo acabou: temos que invadir" foi dos conselhos militares ouvidos pelo líder amerricano John F. Kennedy (Bruce Greenwood), largado em meio à crise de 1962, num movimentado Salão Oval da Casa Branca. A ação de soviéticos, a certeza de uma guerra nuclear e estratégicos mísseis em Cuba esquentam o pano de fundo político.

O último rei da Escócia (2006)
Um desafio e um embate cênico para os atores Forest Whitaker e James McAvoy se apresenta na fita inglesa que retrata parte da vida do ditador de Uganda, entre 1971 e 1979, Adi Amin. Representar o déspota africano rendeu Oscar para Whitaker.

W. (2008)
Quem sofreu na visão de Oliver Stone, neste filme, foi George W. Bush, que teve a vida devassada, com cruéis (e cômicos) episódios aleatórios que se estenderam do ingresso dele numa fraternidade universitária à recriminada invasão do Iraque, há 13 anos, passando por algumas derrotas eleitorais do passado. Josh Brolin foi o protagonista.

Frost/ Nixon (2008)
Mal havia assentado, o escândalo de Watergate, que ocasionou a renúncia de Nixon, se tornou foco central da célebre entrevista dada por Nixon para a Rede ABC, em 1977. Dirigido por Ron Howard, o longa é balizado pela busca da verdade, num duelo em frente a câmeras dos personagens de Frank Langella (protagonista, candidato ao Oscar) e o personagem de Michael Sheen, um renomado apresentador chamado David Frost.

Invictus (2009)
Em mais um emotivo registro do diretor Clint Eastwood, duelam, em campo, dados verídicos e maquinações cinematográficas. Interpretando Nelson Mandela, Morgan Freeman serve de inspiração para que o líder de esporte personificado por Matt Damon se inspire no libertador do Apartheid, para imprimir conquistas para a seleção sul-africana de rugby.

Lincoln (2012)
Depois da incursão em Amistad (1998), o diretor Steven Spielberg entra noutra encenação de fundo presidencial. Recriar a persona de Abraham Lincoln rendeu ao ator Daniel Day-Lewis nada menos do que o terceiro Oscar. Em pauta, a abolição da escravatura, a luta pelo equilíbrio político em meio à guerra civil e o episódio do tiro fatal.
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