Diversão e Arte

Cineasta Aly Muritiba defende drama psicológico que estreia nas telas

Com traços de thriller, Para minha amada morta é o primeiro longa do cineasta baiano radicado em Curitiba

Ricardo Daehn
postado em 31/03/2016 07:34

Com traços de thriller, Para minha amada morta é o primeiro longa do cineasta baiano radicado em Curitiba

Para minha amada morta, filme que estreia hoje no Brasil, demarca a primeira incursão solo do diretor baiano Aly Muritiba em longa-metragem. Mas, a análise da produção de oito curtas anteriores e um currículo de mais de 100 prêmios em festivais dissipa a ideia de inexperiência. Ao contrário: Muritiba com Pátio, compareceu à prestigiada Semana da Crítica, no Festival de Cannes, enquanto, com a codireção de Tarântula, esteve na competição de Veneza. ;Ter teu trabalho reconhecido, dentro e fora do país, é o desejo de todo profissional; então me sinto afortunado;, conta, em entrevista.

Em Brasília, durante o último Festival de Cinema da capital, em setembro, o sabor foi de conquistas, com Para minha amada morta, filme que Muritiba considera um drama sobre luto, ;com vestes de thriller, e sob o código da vendeta;. Além de faturar o prêmio atribuído pelo júri da crítica, o longa saiu vitorioso, com prêmios Candango pela melhor direção, pelos melhores atores coadjuvantes (Lourinelson Vladmir e Giuly Biancato) e ainda pelos quesitos de direção de arte e de montagem. Premiado pelo Instituto Sundance, o filme conta a lacuna deixada por Ana, mulher de Fernando, entregue a destino moldado por melancolia e ciúmes.

Ser nordestino em Curitiba pareceu, em uma época, ser duro para você. Isso ainda é um tema? Aliás, tendo sido agente penitenciário e tratando de justiçamento no seu filme, como percebe isso de morar "na república de Curitiba", em tempos de pré-impeachment?

Curitiba é uma cidade ótima de se morar, mas com uma população bastante conservadora -- acho que a mais conservadora do país, então, ser nordestino, negro, gay, ou coisa que o valha, não é muito fácil aqui. Mas a verdade é que, por circular mais pelo meio artístico, acabo não sentindo este tipo de preconceito na pele. É fato que o conservadorismo existe aqui, mas, ao mesmo tempo, a cidade tem crescido, se miscigenado, e isto aos poucos a tem tornado cosmopolita. Oxalá as gerações vindouras acabem com estes jargões escrotos como ;o Sul é o meu país; ou ;república de Curitiba;, e desenvolva uma certa noção de pertencimento, que leve ao acolhimento.

Bombeiro, estudante de história e ter tido pai caminhoneiro. O caldo dessa imersão social -- menos convencional, para um tipo de profissão mais elitizada ; afiou a sua percepção audiovisual?

Acredito que todas estas experiências foram formadoras de meu caráter. Aliando estas facetas laborais e de origem social à formação intelectual posterior, acho que o resultado foi de cidadão que exerce seu ofício com a seriedade e respeito, tendo consciência de que a arte é, e deve ser, transformadora.

Quais os planos mais imediatos?

Em maio, filmar uma série para tevê chamada É nóis por nóis, sobre a relação dos jovens da periferia com a violência policial. No segundo semestre, filmo um novo longa-metragem chamado Ferrugem, que é sobre a exposição da intimidade na internet. E por fim, ano que vem, filmarei Barba ensopada de sangue, adaptação para o cinema da obra homônima de Daniel Galera.

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