Nahima Maciel
postado em 07/04/2016 07:30
Rhiannon é uma adolescente que sofre com a violência de um namorado boçal. A. é uma alma, ou entidade, ou algo que, a cada dia, acorda em corpo diferente. Certa vez, ao levantar, A. está no corpo de Justin, o namorado de Rhiannon. E se apaixona pela garota. Daí em diante, A. precisa transformar cada dia em um novo encontro de maneira a nunca se afastar da adolescente. Depois de ocupar o topo da lista dos mais vendidos com a história sob a perspectiva de A. em Todo dia, David Levithan está de volta. Os personagens e o drama são os mesmos, mas quem narra Outro dia é Rhiannon. É a maneira de Levithan dar continuidade a uma história de sucesso, mas também de exercitar o que faz melhor: falar de questões adolescentes de maneira atual e sem barreiras.
Se John Green, de A culpa é das estrelas, se embrenha por temáticas delicadas como morte, depressão, tristeza e melancolia, Levithan é a voz das diferenças. Ele já estava na estrada há dois anos quando Green publicou Quem é você, Alasca?, em 2005. Seu Garoto encontra garoto, publicado em 2003, abriu as portas do mercado editorial para temas como homossexualismo e questões de gênero. No livro, Paul precisa enfrentar o conservadorismo de uma família religiosa para manter um certo equilíbrio e o relacionamento com o namorado, Noah.
[SAIBAMAIS]
Em 2013, Levithan lançou Dois garotos se beijando, sobre um grupo de meninos adolescentes em fase de descoberta do amor, do sexo e da amizade, mas também do peso do preconceito diante do relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Em Wide awake, é a vez de eleger o primeiro presidente gay e judeu, uma espécie de continuação afetiva de Garoto encontra garoto. São, segundo Levithan, histórias irmãs, que tratam de amor, amizade, tolerância e a importância de lutar pelo que acredita, temperos presentes com frequência nos livros do escritor.
Para o autor, escrever com transparência e objetividade sobre temáticas LGBT para o público adolescente é um compromisso assumido com convicção e quase impensável há 16 anos. ;Eu acho importante que todas as identidades sejam refletidas na nossa literatura. Eu tenho tido muita sorte de poder escrever histórias LGBT em um tempo em que há tantas mudanças culturais. Não enfrento tanta pressão e me sinto apoiado. E talvez, por isso, não há nenhuma dificuldade nisso;, explica o autor, em entrevista ao Diversão.
Outro dia
De David Levithan. Tradução:
Ana Resende. Galera, 322 páginas. R$ 39
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