Ricardo Daehn
postado em 07/04/2016 07:33
;Você diz que emoções são superestimadas. Enorme mentira: emoções são tudo o que temos;, esbraveja um dos personagens de A juventude, o mais recente filme do premiado diretor napolitano Paolo Sorrentino. O diretor, hábil em lidar com a música, dentro das narrativas audiovisuais, sabe extasiar o público, justamente arrebatado pela emoção brotada da música e de um roteiro afiado.
É impressionante a atmosfera que A juventude promove entre o público, com a entrada em cena da belíssima música Simple song #3, não por acaso, selecionada para o Oscar neste ano. Desde a textura das imagens Luca Biggazi (novamente excepcional, a exemplo do anterior A grande beleza), A juventude reclama supremacia, entre os filmes em cartaz na cidade.
Dois excelentes atores estão em cena: Michael Caine e Harvey Keitel; o primeiro, na pele de Fred, um maestro desprendido dos antigos passos de sucesso, e o outro, Mick, que ainda pretende assentar a derradeira obra-prima, na escalada do prestígio de cineasta. Em repouso nos Alpes suíços, os dois travam pequenas disputas rumo ao envelhecimento: quem guarda maiores memórias? E qual consegue maior volume de urina? São algumas das questões levantadas pelo filme.
Entre pequenas graças, como a do contato com a Miss Universo (feita pela modelo romena Madalina Diana Ghena), no spa em que a dupla descansa, o diretor Paolo Sorrentino rearranja uma esperada perspectiva negativa para o canto de cisne da dupla central. O ambiente campestre inspira o despojado Fred ; mais à vontade em meio a vacas do que entre os hóspedes ;, enquanto Mick deposita todas as fichas (para a derradeira produção) em cima da estelar colega de ofício Brenda Morel, uma desbocada Jane Fonda, em papel que especula a falta de importância do cinema perante a soberania da linguagem televisiva.
Solar e cínico, Sorrentino debocha dos endinheirados visitantes do spa em questão, mas não deixa de ser generoso com as composições esdrúxulas: Roly Serrano (depois de Maradona, a mão de Deus, de 2007) volta a interpretar Diego Maradona, enquanto Alex Macqueen é nada menos do que o emissário da rainha Elizabeth interessada em rever o potencial do aposentado Fred. Ainda que esbarre em algumas facilidades para o desfecho da fita, Sorrentino se mostra um agigantado artista, descrente do pop pelo pop (abertamente ridicularizado no roteiro). De quebra, a soprano Sumi Jo defende magistralmente a premiada composição de David Lang, sob a aura do cinema maior.
A carreira de Paolo Sorrentino
Diretor de A grande beleza, vencedor de Oscar (melhor filme estrangeiro)
Seis participações no Festival de Cannes
Seis produções indicadas ao David di Donatello (reconhecimento máximo para cinema, na Itália)
Quatro filmes indicados ao European Film Awards
Duas produções indicadas ao Globo de Ouro
É impressionante a atmosfera que A juventude promove entre o público, com a entrada em cena da belíssima música Simple song #3, não por acaso, selecionada para o Oscar neste ano. Desde a textura das imagens Luca Biggazi (novamente excepcional, a exemplo do anterior A grande beleza), A juventude reclama supremacia, entre os filmes em cartaz na cidade.
Dois excelentes atores estão em cena: Michael Caine e Harvey Keitel; o primeiro, na pele de Fred, um maestro desprendido dos antigos passos de sucesso, e o outro, Mick, que ainda pretende assentar a derradeira obra-prima, na escalada do prestígio de cineasta. Em repouso nos Alpes suíços, os dois travam pequenas disputas rumo ao envelhecimento: quem guarda maiores memórias? E qual consegue maior volume de urina? São algumas das questões levantadas pelo filme.
Entre pequenas graças, como a do contato com a Miss Universo (feita pela modelo romena Madalina Diana Ghena), no spa em que a dupla descansa, o diretor Paolo Sorrentino rearranja uma esperada perspectiva negativa para o canto de cisne da dupla central. O ambiente campestre inspira o despojado Fred ; mais à vontade em meio a vacas do que entre os hóspedes ;, enquanto Mick deposita todas as fichas (para a derradeira produção) em cima da estelar colega de ofício Brenda Morel, uma desbocada Jane Fonda, em papel que especula a falta de importância do cinema perante a soberania da linguagem televisiva.
Solar e cínico, Sorrentino debocha dos endinheirados visitantes do spa em questão, mas não deixa de ser generoso com as composições esdrúxulas: Roly Serrano (depois de Maradona, a mão de Deus, de 2007) volta a interpretar Diego Maradona, enquanto Alex Macqueen é nada menos do que o emissário da rainha Elizabeth interessada em rever o potencial do aposentado Fred. Ainda que esbarre em algumas facilidades para o desfecho da fita, Sorrentino se mostra um agigantado artista, descrente do pop pelo pop (abertamente ridicularizado no roteiro). De quebra, a soprano Sumi Jo defende magistralmente a premiada composição de David Lang, sob a aura do cinema maior.
A carreira de Paolo Sorrentino
Diretor de A grande beleza, vencedor de Oscar (melhor filme estrangeiro)
Seis participações no Festival de Cannes
Seis produções indicadas ao David di Donatello (reconhecimento máximo para cinema, na Itália)
Quatro filmes indicados ao European Film Awards
Duas produções indicadas ao Globo de Ouro