Diversão e Arte

Rede do bem: Projeto criado há 14 anos atende crianças de áreas carentes

A partir de hoje, o Diversão apresenta a "Rede do bem na cultura", ações de pessoas, comuns e de instituições que se dispõem a oferecer ajuda cultural aos que vivem na zona de exclusão social no DF

Nahima Maciel
postado em 10/04/2016 07:30
A orquestra Reciclando Sons ajuda integrantes da comunidade a se tornarem empreendedores sociais
A música tem o poder de transformar. Impalpável e invisível, consegue emocionar, provocar sentimentos indescritíveis e mudar o rumo de muitas vidas. Não há fronteiras linguísticas, culturais nem sociais para a mágica que emana da combinação certa de vibrações das ondas sonoras. Talvez por isso, a música seja um dos agentes mais bem-sucedidos em programas sociais de inclusão ao redor do mundo. Na Venezuela, o celebrado El Sistema conseguiu, ao longo de quatro décadas, colocar mais de 500 mil crianças em contato com a música. Na zona de guerra entre Israel e Palestina, a East-Western Divan Orquestra, de Daniel Barenboim, uniu músicos dos dois lados para provar que o conflito não resiste à música.

No Brasil, há vários exemplos. A Prima (Programa de Inclusão através da Música e das Artes), na Paraíba, talvez seja o maior. Sob a direção de Alex Klein, o projeto atende 1.500 jovens entre 6 e 17 anos provenientes de 13 comunidades. No total, o Prima tem 12 orquestras, 10 corais e oito bandas sinfônicas, sem contar os quartetos, quintetos e cameratas.

Em Brasília, os projetos de inclusão por meio da música são uma constante nas cidades ao redor do Plano Piloto. O Paranoá tem sua orquestra, assim como a Estrutural e o Itapoã. No Gama, há uma escola inteira dedicada a produzir sons e, em São Sebastião, um caminho para a cidadania é a música. Em todas elas há histórias de transformação e descoberta que não têm preço.

A partir de hoje até o fim do mês, a equipe do Diversão apresenta a ;Rede do bem na cultura;. São reportagens em que destacam ações de pessoas, comuns e de instituições não ligadas ao governo, que se dispõem a oferecer ajuda cultural aos que vivem na zona de exclusão social no Distrito Federal. São propostas muitas vezes simples, mas que ajudam a transformar indivíduos em cidadãos.

CIDADE ESTRUTURAL

Numa tarde fria e ensolarada, uma mãe de mãos dadas com um garotinho de 8 anos aguarda o fim do ensaio de uma peça de Vivaldi. O menino tem um violino e fazia parte da orquestra Reciclando Sons em 2014, mas se desinteressou e largou. Agora, quer voltar. E precisa entrar na fila. No pequeno sobrado de fachada verde no Setor Leste, ali no meio do que um dia já foi uma das maiores invasões do Distrito Federal, fala-se uma linguagem universal: a música ecoa durante toda a tarde e início da noite.

Há 14 anos, a pedagoga e maestrina deu vida à ideia de levar a música como opção profissional aos jovens da Estrutural e hoje atende 150 alunos em um programa que inclui desde a inicialização musical até a formação educacional. De lá, os meninos podem se inscrever na Ordem dos Músicos e atuar profissionalmente. ;O objetivo é que sejam certificados e façam a prova da ordem para se tornarem empreendedores sociais;, explica a maestrina Rejane Pacheco. ;Nossa responsabilidade é formar educadores sociais em música porque no Brasil tem uma carência grande.;

Bruno Feitosa de Araújo é um exemplo de como o objetivo do Reciclando Sons pode ser atingido. Ele começou no projeto em 2005, quando entrou para o coral, única atividade oferecida na época. Nascido em Minas Gerais, Bruno veio para a Estrutural aos 14 anos e, graças ao Reciclando Sons, fez faculdade de pedagogia. Hoje com 31, aprende violoncelo e é um dos funcionários contratados do projeto.

Ter passado pela formação e feito faculdade com subsídio do Reciclando Sons foi fundamental para compreender o papel de um educador social em uma comunidade carente. ;A música possibilita muitas coisas. A grande coisa aqui é tirar os meninos da marginalidade. A música transforma porque dá a possibilidade de falar de coisas que a gente não consegue expor com palavras;, acredita.
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