Diversão e Arte

CCBB recebe a partir de hoje 15ª Mostra do Filme Livre

Filmes são marcados pelo experimentalismo e fogem dos padrões de Hollywood

Ricardo Daehn
postado em 13/04/2016 06:50
Cena do filme O signo das tetas, do diretor maranhense Frederico Machado
A crença numa proposta de filmes diferenciados, que mantenham firmes conceitos e princípios dos diretores, longe de normas estabelecidas no padrão de Hollywood, dá o tom da 15; Mostra do Filme Livre, a partir de hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil. Exemplo dessa corrente está no realizador maranhense Frederico Machado, diretor do longa O signo das tetas, segundo na trilogia iniciada com O exercício do caos. ;Faço um cinema que necessita da complementação do público para ter total compreensão. Tento ir pela vertente autoral de fato, original, criando um cinema que respire algo novo e requeira envolvimento. O tema de meu cinema é o existencialismo, a questão de embates entre fé e pecado, traços da finitude, pendências familiares e sociais do Brasil, um país destroçado e cheio de ranhuras;, observa Machado, que terá o filme (baseado em aprendizados com o pai, o poeta Nauro) exibido no dia 20, às 20h30.

No fazer cinema de Machado, brotam pontuações arrojadas e corajosas, numa produção totalmente independente. Chegar ao circuito nacional de exibição, por custo de R$ 40 mil (incluindo até a distribuição), leva O signo das tetas a sair de encruzilhada: ;Acredito que seja uma vitória nunca antes vista no Brasil;, diz o cineasta. O novo longa acata a linha da 15; Mostra do Filme Livre, a exemplo do arejamento proposto pelo diretor paulista Thomaz Arruda, que, aos 21 anos, emplacou nada menos do que três fitas, integradas aos 205 títulos da festa audiovisual: Uma mulher e um homem, Indian Welles e 20000, todos curtas-metragens.

Longe de amarras, e envolto em experimentalismo, o cinema do cineasta gaúcho Cristiano Burlan estará em pauta na Mostra do Filme Livre: ele ; que, no ano passado, foi destaque no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ; será homenageado com projeções de filmes como Sinfonia de um homem só (2012), Mataram meu irmão (2013) e Fome (2015). As três produções mesclam dados reais com uma embalagem bem fictícia. Risco, aliás, é palavra de ordem na mostra abreviada como MFL. Exemplo disso está em O que eu poderia ser se eu fosse (dia 22, às 20h30), no qual o diretor Bruno Jorge fez o que chama de ;filme-processo;, mostrando o dia a dia com a fotógrafa (à época grávida) Fernanda Preto, não ao acaso, parceira dele rumo ao nascimento do primeiro filho.

Estrangeiros
Formado em cinema pela Universidade de Brasília (UnB), o cineasta Piu Gomes comparece à MFL, com produção enquadrada na seção Biografemas. Objeto da admiração do diretor, o provocativo performer Ricardo Duarte ; na vida, mais conhecido como Chacal ; estrela o curta carioca de 19 minutos, batizado Chacal: Palavra filme. Sem a mesma visibilidade, o pintor gaúcho Ruby também está em Biografemas, que expõe o cotidiano do artista plástico recluso numa casa de praia.

15; Mostra do Filme Livre
De hoje a 2 de maio, com entrada franca.
Hoje, a partir das 20h30, abertura, com exibições dos filmes Subsolos, de Simone Cortezão. Pela seção Outro Continente, Je proclame la destruction, de Arthur Tuoto e projeção de Auto Copa Park, de João Atala.

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