Embaixador do bom humor na música, o samba apresenta há várias décadas letras irreverentes que atravessaram gerações. O estado de espírito faz parte do DNA do ritmo. O jongo africano foi uma das matrizes que inspirou essa inclinação do batuque.
;Desde seu início, o samba utilizou a arma da ironia, do despiste. Ao mesmo tempo em que os negros viviam uma vida em condições difíceis, eles usaram o ritmo como uma ferramenta para fazer críticas;, afirma Marcos Alvito, autor do livro Histórias do samba.
Um dos exemplos dos versos voltados à crítica aconteceu no carnaval de 1912. Com a morte de José Maria Paranhos Júnior, o Barão de Rio Branco, às vésperas da comemoração, o governo brasileiro suspendeu a festa popular e estipulou uma nova data de atuação dos blocos. No dia do feriado, a população desobedeceu às ordens e foi às ruas sambar.
Primeiro sambista a utilizar o bom humor como uma arma para impulsionar as músicas nos anos1920 e 1930, Noel Rosa apresentava letras caracterizadas pelo deboche. A rivalidade com o músico Wilson Batista começou na música Lenço no Pescoço, de 1933, letra escrita pelo colega que louvava a malandragem, característica que perdia cada vez mais espaço nos sambas da época. Em resposta, Noel Rosa deu Rapaz folgado para Aracy de Almeida cantar.
Cravada a disputa musical com provocações para ambos os lados, foram compostos sambas que ficaram imortalizados, como Feitiço da Vila, Conversa fiada, Frankenstein da Vila, Terra de Cego e Deixa de ser convencido.
O período, marcado pela atuação autoritária de Getúlio Vargas, teve a época em que os sindicatos eram controlados pelo Estado.
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