Quando um grande músico morre, depois dos lamentos nas redes sociais, a música dele é redescoberta e ouvida à exaustão. No caso de Prince, isso não será possível - não pela internet. Não serão feitas playlists em homenagem a ele no Spotify, nem no Deezer. Até no YouTube é difícil encontrar gravações originais de clássicos como Kiss e Purple rain. E isso era exatamente o que Prince queria.
Mesmo tendo tido em 2010 a infeliz frase "a internet está completamente acabada", não era por ser contrário às novas tecnologias que o artista se recusava a ter álbuns tocados nos principais serviços de streaming. Crítico feroz das grandes gravadoras, o músico, que travou uma longa batalha judicial contra a gravadora Warner, não via uma postura diferente nos serviços de streaming. . Ele deixou de fora da proibição apenas o Tidal, serviço de música por streaming do rapper e produtor Jay Z. Foi no Tidal, inclusive, que lançou com exclusividade seu último disco, HITnRUN.
"Eu não vejo porque eu deveria dar minha música para o iTunes ou qualquer um outro. Eles não me pagam adiantado e depois eles ficam com raiva porque não podem tocar minha música", falou em entrevista no começo dos anos 2010. No ano passado, ao The Guardian, afirmou que quando falou que a a internet estava acabada, se referia a quem queria ser pago com música online. "Me diga o nome de um músico que ficou rico com as vendas de música online. A Apple está muito bem, não está?", ironizou.
É verdade que algumas músicas de Prince, principalmente as que estão em coletâneas, ainda podem ser acessadas no Spotify e no YouTube (após a morte do Prince, vários usuário s do YouTube fizeram upload de hits do cantor). ;Nós ganhamos dinheiro (online) antes da pirataria ser tão forte. Ninguém está ganhando dinheiro agora, exceto as companhias telefônicas, a Apple e o Google". O apoio ao Tidal foi deliberado: Jay Z apresentou a companhia como sendo a que mais iria apoiar os músicos, com uma distribuição justa do dinheiro arrecadado. Como o Tidal parece não ter vingado em número de usuários, os milhões de usuários do YouTube, Vevo, Spotify, Deezer e tantos outros, só poderão ouvir os sucessos de Prince em suportes físicos.