Los Angeles, Estados Unidos - O mundo inteiro prosseguiu nesta sexta-feira com as homenagens ao cantor americano Prince, gênio da música e ícone do pop, que faleceu aos 57 anos em circunstâncias misteriosas.
Enquanto as autoridades tentam esclarecer as causas da morte deste virtuose, que foi encontrado na quinta-feira no elevador de sua residência em Minnesota, edifícios receberam iluminação púrpura, cor fetiche de Prince. Em sua cidade natal, milhares de fãs se reuniram e dançaram no clube onde Prince gravou o filme "Purple Rain", que rendeu a trilha sonora que o consagrou em 1984.
Nas ruas de Nova York surgiram festas espontâneas em sua homenagem, assim como uma celebração diante da casa do diretor Spike Lee. Uma ponte de Minneapolis (estado de Minnesota) recebeu a cor púrpura e a revista New Yorker antecipou a capa da edição da próxima semana: gotas de chuva sobre um fundo violeta.
"Com profunda tristeza confirmo que o lendário e icônico artista Prince Rogers Nelson faleceu em sua residência de Paisley Park esta manhã", anunciou a assessora Yvette Noel-Schure em um comunicado na quinta-feira. "Prince foi encontrado inconsciente em um elevador dos estúdios Paisley Park em Chanhassen", informou a polícia do condado de Carver.
Hospitalizado de emergência O site de notícias do mundo das celebridades TMZ, que deu o furo da notícia da morte, informou que o artista foi tratado de uma overdose de um opiáceo seis dias antes da morte.
Na sexta-feira 15 de abril, o jato particular de Prince teve que fazer um pouso de emergência porque a forte gripe que ele sofria há algumas semanas se agravou em pleno voo, segundo os representantes do cantor.
O artista acabara de fazer um show em Atlanta (Geórgia) e retornava para casa em Minneapolis. O TMZ, que citou várias fontes anônimas, afirma que Prince recebeuó "uma injeção" para contra-atacar os efeitos das drogas opiáceas.
Os médicos aconselharam Prince a permanecer internado por, ao menos, 24 horas, mas o artista decidiu assinar sua alta voluntária três horas depois, quando soube que não poderia ficar em um quarto particular.
O corpo do artista foi levado para o Instituto Médico Legal. Os resultados preliminares podem ser divulgados em alguns dias, mas os exames toxicológicos exigirão várias semanas. Prince tentou demonstrar que estava bem e organizou no sábado um show a 10 dólares a entrada para os fãs em Paisley Park, segundo o jornal local Star Tribune.
"Preciso de amor e água"
O artista se tornou um fenômeno internacional na década de 1980, com sua mistura de estilos, do funk ao R, passando pelo rock e jazz. O álbum de 1984 "Purple Rain" é considerado por muitos críticos um dos melhores de todos os tempos.
A paixão por sua profissão foi provavelmente a melhor herança que recebeu dos pais, ambos amantes de jazz. No início da carreira, Prince decidiu não cantar, por considerar que sua voz não tinha qualidade suficiente para agradar o público, mas várias pessoas da indústria o convenceram a pegar o microfone, devido ao seu timbre de voz peculiar.
A indústria travou uma batalha por ele, entusiasmada por seu talento, e Prince assinou contrato com a Warner Brothers. Fez as malas, se mudou para a Califórnia e em 1978 gravou "For You", no qual tocou todos os instrumentos.
O "Kid de Minneapolis", como era carinhosamente conhecido, acabou se tornando um dos grandes músicos da década de 1980, cujo poder e influência foram comparados muitas vezes aos de Michael Jackson, falecido em 2009 aos 50 anos
Prince lançou 39 álbuns, vendeu mais de 100 milhões de cópias e ganhou sete prêmios Grammy, além de um Oscar por "Purple Rain". Com 1,58 m de altura e uma grande personalidade, estabeleceu tendências em cima e fora dos palcos. Fiel a seu estilo dândi e a seu aspecto andrógino, Prince é responsável por algumas das grandes melodias da música pop, com letras que beiravam a poesia.
Na década de 1990, Prince mudou o seu nome artístico para um "símbolo de amor" impronunciável e escreveu a palavra "slave" (escravo) no rosto para protestar contra as condições de seu contrato com a gravadora Warner "Não vivo em uma prisão. Não tenho medo de nada", afirmou em uma entrevistas ao canal MTV em 1986.
"Não construí nenhum muro ao meu redor. Sou como qualquer outro. Preciso de amor e água, e não tenho medo de uma resposta negativa porque, como digo, há pessoas que apoiarão meus hábitos como apoiei os delas".
No mês passado el anunciou que suas memórias - com o título "The Beautiful Ones" em homenagem a "Purple Rain" - seriam publicadas em 2017. "Não conheci Mozart, mas conheci Prince"O mundo ficou em choque com a notícia da morte e as redes sociais registraram milhões de mensagens de amor e agradecimento.
Sua ex-esposa Mayte García, uma dançarina com quem ficou casado entre 1996 e 1998, afirmou que estava incrédulo e que Prince "era tudo" para ela."Agora está com nosso filho", disse. O casal teve um filho em 1996, que faleceu uma semana depois do nascimento.
O presidente americano Barack Obama recordou o artista como um "ícone criativo" e um "artista eletrizante" que conquistou milhões de fãs no mundo. Em poucas horas a morte de Prince gerou mais de oito milhões de mensagens no Twitter, segundo a plataforma de análises Visibrain.
Bono, vocalista de U2, prestou homenagem: "Não conheci Mozart, não conheci Duke Ellington ou Charlie Parker, não conheci Elvis, mas conheci Prince". O líder do Rolling Stones, Mick Jagger, disse que o talento de Prince "não tinha limites" e Madonna elogiou o caráter "visionário" do artista. "Mudou o mundo", disse.
A rainha do soul, Aretha Franklin, descreveu Prince como um músico "único em seu gênero". "Orgulhoso de ter passado o Ano Novo com ele", escreveu no Twitter o ex-Beatle Paul McCartney.
O mundo do cinema também lamentou a morte, com mensagens do cineastas Spike Lee, dos atores Will Smith, Samuel L. Jackson e Elijah Wood, assim como de Whoopi Goldberg, Michelle Williams e Ellen DeGeneresm entre muitos outros tributos nas redes sociais.