postado em 25/04/2016 07:38
O carnaval deste ano marcou Brasília pela grande participação popular. Tanto que os reflexos podem ser sentidos até hoje. Festas organizadas por blocos de carnaval ainda bombam a agenda da cidade, numa espécie de ressaca da festa que contagia o ano inteiro.
O bloco de Carnaval Calango Careta vislumbrou em 2014 uma possibilidade de aumentar o grupo de participantes da percussão. Assim, surgiu a Orquestra Camaleônica, grupo que entre tambores e atabaques garantiu uma sonoridade com ainda mais presença no carnaval deste ano. Os participantes foram convocados um ano antes da folia e receberam treinamento de músicos graças à parceria firmada entre o bloco e os músicos da Academia de Música de Brasília.
Além do projeto da orquestra, os integrantes do bloco de carnaval da Asa Norte sentiram necessidade de fazer intervenções culturais ao lado de artistas da cidade e de fortalecer o projeto de ocupação de espaços públicos. A iniciativa tirou do papel o projeto Trupo Quéro-Quéro, definida pelos organizadores como uma trupe cênico-circense.
;Vamos contar com parceiros artísticos que darão oficinas de capacitação e vivência com várias ferramentas de circo e teatro. Em outubro, o grupo vai se reunir com a orquestra.Temos essa ideia de intervenção cultural e pretendemos fazê-las em outros blocos no próximo carnaval;, destaca uma das organizadoras da trupe, Bruna Senseve.
Entre os nomes confirmados para as oficinas estão Arthur Marques, do grupo de palhaçaria Circênicos, o malabarista Iago Timbó, o professor de artes cênicas e ator Tulio Guimarães e Tico, do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro. Outro braço do bloco, a confecção do gigante Calango que costuma surgir em outros blocos da cidade, está entre os planos para um terceiro projeto do grupo.
;A ideia é valorizar esses artistas e elementos de Brasília. Até 1; de maio vamos convidar a comunidade artística e quem não tem experiência, mas vontade de sobra para aprender esses elementos circences;, ressalta Senseve.
Cultura o ano inteiro
Uma das novidades do roteiro carnavalesco deste ano, o bloco Divinas Tetas ; formado pelo grupo de amigos e músicos Samyr Aissami, Thiago DeLimacruz, Aloisio Michael e Adolfo Neto ; recebeu para o carnaval apoio do governo com a estrutura que invadiu o Setor Bancário Sul, mas sofreu com a falta de cachê. ;Tivemos que bancar algumas coisas do nosso próprio bolso. Ano que vem queremos manter o bloco na rua sem esses gastos; ressalta Adolfo Neto, que calcula a presença de 2 mil pessoas na folia promovida simultaneamente ao consagrado Aparelhinho, dos DJs Barata e Pezão, e ao projeto itinerante de música Urukombi, comandado pelo DJ Philipe Nagô.
Para concretizar os planos de sair às ruas no próximo ano, o bloco realizou o Baile das Divinas Tetas, em 26 de março, no Clube Ascade. ;Com esse evento conseguimos juntar dinheiro. Foi um bom começo. Ainda não definimos a próxima edição, mas podemos garantir que ela acontecerá no segundo semestre;, destaca o músico e publicitário que formou o bloco graças às conexões que fez a partir do projeto Sofar Sounds.
Para os organizadores, a participação do bloco Aparelhinho no evento pós-carnaval foi fundamental. ;Foram eles que nos convidaram para dividir o espaço durante o carnaval e nos deram todo o apoio. Aproveitamos a experiência deles e fizemos o convite;, destaca Neto.