;Os homens vivem disso: construção e destruição de impérios. Elaboram reinos familiares, para que alguns invistam na implosão desses;, comenta o diretor argentino Daniel Burman, que está no Brasil, lançando o longa O décimo homem. Ao mesmo tempo, ele dirige, para a tevê, versão de Supermax, pronta para abrir o mercado externo da Globo, em produto feito em espanhol.
;Vivo, no Brasil, a maravilhosa experiência de contar uma série sobre o extraordinário. Estou na segunda semana, e, a cada dia, é como viver na Disneylândia. Há condições para que nossos sonhos se concretizem num retângulo;, simplifica. Na televisão, Burman (que, na carreira, já ganhou o Festival de Berlim, com O abraço partido) tem encontrado até mais emoção do que no cinema, pelas séries. ;Com a nova tevê, há tramas tridimensionais e complexas;, pontua.
A inquietação não encontra paralelo, na análise das conjunturas econômicas de Brasil e Argentina, pátrias hermanas, também na insegurança monetária. ;Para falar de economia, é melhor contar com um colega seu do jornal: não sou especialista nisso;, desconversa o cineasta. O diretor de O ninho vazio (2008) e Dois irmãos (2010) entende mesmo é de cinema. E tem lá uma tese sobre a visibilidade do cinema argentino. ;Além da heterogeneidade, contamos com muita tradição em cinema e apoio regular do governo. Há um instinto de descobertas nos cineastas, muitos deles saídos da classe média. Aliás, faz a diferença termos, diretores, um contato diário com a realidade;, comenta.
Usher, um dos protagonistas do mais recente filme, O décimo homem, na verdade, não é ator, mas um mortal, que teve a vida encenada para a tela de cinema. ;Ele dirige uma fundação de atos de caridade. Trabalho com pessoas que me emocionaram pelo contato com a realidade. Personagens excêntricos são uma armadilha: eles repelem a possível identificação com o público comum;, argumenta.
Daniel Burman cultua mesmo são as histórias mínimas. ;Quero temas ligados àquela ideia da viagem à lua: um pequeno passo é o salto para a humanidade. No dia a dia, todos nós temos o nosso passo rumo à lua;, diz. O cinema do argentino é feito de pequenos acontecimentos que nos modificam a vida. ;Nossa vida é errática, esbarramos em momentos distintos, que me interessam, mas seguimos no caminho errático;, comenta Burman.
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