Diversão e Arte

Carolina Ferraz investe na diversidade em sua carreira

A atriz, que hoje carrega um extenso currículo nos palcos, nas telas do cinema e na televisão, mostra-se satisfeita com os caminhos que trilhou.

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 15/05/2016 07:41
A atriz, que hoje carrega um extenso currículo nos palcos, nas telas do cinema e na televisão, mostra-se satisfeita com os caminhos que trilhou.
Tendo feito sua estreia na televisão como apresentadora aos 18 anos, em 1987, Carolina Ferraz dividiu a carreira nas passarelas com a apresentação de programas na telinha e as aulas no curso de teatro. A atriz, que hoje carrega um extenso currículo nos palcos, nas telas do cinema e na televisão, mostra-se satisfeita com os caminhos que trilhou.

Duas personagens
Construir e viver duas personagens, ao mesmo tempo, em Três dias de chuva, foi um trabalho muito intenso e delicado. Um processo em que nós, do elenco, pudemos aprender muito com Jô Soares, um artista completo, que sabe como poucos conduzir um ator. Além de serem duas personagens tão diferentes, ainda têm uma relação muito próxima, a de mãe e filha. A mãe era uma mulher à frente de seu tempo, libertária, uma criatura livre das amarras impostas por seu tempo, que se entrega à paixão, enquanto a filha é uma mulher conservadora, tradicionalista, capaz de fazer calar uma forte paixão em busca de segurança.

Liberdade de experimentar
Foi um trabalho muito bonito Três dias de chuva. Eu e meus colegas de cena tivemos a liberdade de experimentar, de crescer, de ousar ; e por que não dizer? ;, de sofrer, porque todo processo de evolução causa, em algum momento, uma certa dor. São duas personagens muito diferentes, em uma das peças mais lindas que já li. Quanto ao fato de fazer uma personagem feita por outras atrizes, isso não incomoda nem assusta, apenas atesta a grandeza da personagem e a importância deste texto.

Identificação do público
Fizemos uma longa e bem-sucedida temporada em São Paulo há dois anos, um sucesso de público e de crítica. Os espectadores riem e se emocionam muito, porque é uma história que fala da relação de pais e filhos, da forma como julgamos uns aos outros, de tolerância e de escolhas pessoais. Só não saímos em turnê antes porque todos os atores já tinham outros compromissos agendados em cinema e televisão, e o retorno tem sido incrível.

Teatro, cinema e tevê
São trabalhos com demandas muito diferentes, porque exigem a versatilidade e a prontidão do ator. A televisão é um trabalho feito ao longo do tempo, em que a construção do personagem vai seguindo a construção da própria história. No cinema, existe uma preparação que na maior parte das vezes não segue uma ordem cronológica ; muitas vezes começamos a fazer um filme por cenas do meio do roteiro. No teatro, existe o desafio de vivenciar o personagem ao vivo, uma resposta imediata do público, e é uma coisa que eu amo.

A glória e a graça
A glória e a graça, filme em que interpretei uma travesti, foi muito esperado, levei nove anos para conseguir produzi-lo. A cada versão de roteiro, havia um aprofundamento na questão humana, que no processo de ensaios e filmagem ainda contou com um intenso laboratório e um belíssimo trabalho de coaching. Um desafio, porque normalmente os papéis de travestis são feitos por homens, mas um mergulho surpreendente e inevitável no gênero feminino.

Crise política
Claro que todos estamos muito preocupados e atentos ao que está acontecendo no nosso país. Trata-se de uma enorme crise política, social e econômica, que nos faz refletir sobre quais os caminhos que podemos tomar, que tipo de país queremos para nossos filhos. De qualquer forma, não gosto de expor minhas opiniões políticas, prefiro fazê-las na hora do meu voto. A minha forma de expressar minhas opiniões vem justamente das escolhas que faço na minha carreira, naquilo que gosto de produzir. Estou excursionando com Três dias de chuva, gravando Haja coração e acabei de filmar A glória e a graça, meu foco são as relações humanas e seus desmembramentos.

Chegada da filha
Mais do que a carreira, o que muda com a chegada de um filho é a forma de ver a vida. Minha filha mais velha faz faculdade, tem 20 anos, e é minha melhor amiga. Esteve comigo em todos os trabalhos da minha vida até agora, presenciou uma mãe workaholic. A mais nova me trouxe certa serenidade, não tem nada mais gostoso que acordar e olhar para aqueles olhinhos impressionantemente atentos a tudo, aquele sorriso constante na boca, é uma delícia. E ela, assim como a mais velha, já tem que se habituar ao ritmo maluco de trabalho da mãe. Cada segundo do meu tempo livre é dedicado à minha família.

Projetos do futuro
Faço a turnê de Três dias de chuva, com a gravação da novela Haja coração, aguardo a estreia da nova temporada do Receitas de Carolina no GNT e devo lançar A gloria e a graça no fim do ano. Depois da turnê, faremos uma temporada da peça no Rio de Janeiro, e no ano que vem estreio um novo espetáculo, Amores líquidos, com texto e direção de Otávio Martins.

Pluralidade e movimento
Gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo, gosto da pluralidade, do movimento. Se eu tenho planos? Claro! Eu tenho todos os planos do mundo, eu tenho uma vida pra buscar a realização de grandes sonhos. Sou uma mulher workaholic, estou feliz quando posso experimentar a plenitude da minha carreira. Por isso, posso garantir que estou muito feliz com esse momento da minha vida.

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