Diversão e Arte

Maria Rita completa 14 anos de carreira com show de clássicos do samba

Filha de Elis Regina acredita que ainda há um vasto mundo musical a ser explorado

Alexandre de Paula
postado em 16/05/2016 07:30

Maria Rita:

Com o peso de ser filha de Elis Regina, uma das maiores vozes da música brasileira, Maria Rita chega aos 14 anos de carreira com a sensação de que ainda ;existe um mundo a explorar; e com vontade de aprender muito mais. Atualmente com um show em que canta clássicos do samba, a cantora parece ter se encontrado no estilo.

Em entrevista ao Correio, ela fala sobre questões femininas e diz, sem pestanejar, que ainda falta muito para a mulher ter o espaço que merece. Mãe de dois filhos, ela diz sentir receio com o clima provocado pelas questões políticas que afligem o país e afirma que o artista tem a liberdade de dizer o que quiser, mas garante: ;O silêncio, muitas vezes, é mais potente e mais político;.

Como foi selecionar os sambas que fariam parte do repertório desse show?
Desde o disco Samba meu eu tenho vontade de cantar uns sambas que não cabiam no contexto daquele show, com roteiro específico, com uma história muito particular para contar. Então, há quase 10 anos sonho com esse formato, mais livre, menos preso a um projeto específico. O que é ótimo por um lado, mas a ;falta de direção; atrapalha um pouco. Tem muito samba que ficou de fora. Muito, muito mesmo.

Há uma parte do show que homenageia mulheres do samba. O que a levou a essa homenagem?
Decidi quando eu percebi que tinha escolhido um número de sambas que, a princípio, estariam soltos num eventual roteiro. Mas dei um passo para trás. Parecia que elas se explicaram. Foi simples entender que eu deveria falar das mulheres do samba. Mas é pouco ainda. Fosse eu colocar tudo o que gostaria, seriam mais de duas horas de show. Quem sabe, um dia...

Ainda na questão feminina, como se sente em relação à força que a luta e as conquistas das mulheres tem ganhado nos últimos tempos?
Tenho sentimentos diversos, pois ao mesmo tempo que percebo avanços importantes, como o entendimento da própria mulher em não ser escrava das expectativas, seja da sociedade, seja dela mesma (que são, de fato, as piores já que viram cobranças irreais) ; percebo também retrocessos perigosíssimos, como uma insistência de a mulher não ter poder e soberania absolutos sobre seu corpo, a objetificação (ainda isso?) da sexualidade da mulher, a violência.

Na sua visão, ainda falta muito para que a mulher tenha o espaço devido?
Não tenho o menor receio em dizer que sim: falta muito, muito ainda. E, veja, o ;espaço devido; não é migalha, não é caridade, não é vergonha nenhuma: o ;espaço devido; é a mulher ter autonomia, reconhecimento ; ideológico, filosófico, emocional, financeiro. O ;espaço devido; é tudo isso que os homens já têm.

Com o tempo de estrada e o sucesso que já tem, o que ainda te toca e te move a produzir? Existe algo que não tenha feito até agora e que seja um desejo forte?
Existe um mundo a explorar, tanto em cima quanto fora dos palcos. Eu gosto de mais de estúdio, de fotografia, de iluminação, aquarela ; tem muita coisa que ainda quero aprender. Penso mesmo até em voltar para faculdade;


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