No palco a alegria é garantida pela trupe de mulheres que se dedicam a resgatar e manter viva a tradicional palhaçaria. O objetivo é atuar, principalmente, na formação de plateias, pesquisando e produzindo espetáculos que dialoguem com bebês e crianças na primeira infância. O foco está no estímulo à percepção e contemplação, e a surpresa com o que desperta interesse no olhar dos pequenos é constante. A plateia, atenta e refinada, é colocada em um lugar de destaque, como produtora de linguagem e cultura e os artistas se preocupam em criar um espetáculo capaz de dialogar com o universo rico e lúdico das crianças. O trabalho parte de um roteiro musical, onde todos os elementos plásticos contribuem para a percepção e sensibilidade musical, convidando os espectadores para um espaço de apreciação e experimentação.
Esta temporada de palhaçaria faz parte de uma parceria entre a Cia. Las Fenómenas, que concentra na pesquisa, montagem e produção de espetáculos, arte educação e eventos culturais e entre o coletivo Psoas e Pssoinhas, criado para pensar e agir no campo da arte e educação para a primeira infância. A arte-educadora e palhaça Julieta Zarza destaca que a faixa etária formada pela primeira infância é extremamente sensível e pede um cuidado de criação capaz de dialogar com o universo de cada criança. Zarza conta ainda que os artistas criadores do projeto acreditam na importância da arte e da cultura no desenvolvimento humano. Para chegar ao ponto em que o espetáculo se encontra atualmente os grupos experimentaram e tentaram diferentes possibilidades com as crianças em creches e escolas. ;Tudo tem que ser pensado com muito cuidado, cada elemento, cada instrumento que aparece ou desaparece. Temos que saber exatamente onde está o foco de atenção, cada som, cada cor, cada elemento, é um grande exercício de presença cênica;, conta a artista. A margem para improvisação está sempre presente nos espetáculos, tudo de acordo com a receptividade e resposta do público.
Julieta afirma que o trabalho do palhaço torna possível sensibilizar, levar afeto, promover relações e estimular a formação de plateias. ;O palhaço, a palhaça, não é exatamente um personagem que se cria, é a face de alguém que já existe e não é socialmente aceito. O palhaço proclama verdades, denuncia o injusto, faz a gente rir de si mesmo, denunciando a nossa humanidade;, declara. A atriz lembra ainda que é uma linguagem acessível a todas as idades e estratos sociais, tendo eficácia em inúmeros ambientes.
No espetáculo O circo fenomenal a inspiração é a palhaçaria clássica, o circo de rua e o palhaço tradicional brasileiro. ;Nós temos sentido uma receptividade muito grande nesses dois espetáculos. No Circo fenomenal estimulamos muito a participação da plateia, dos pais e crianças. E nos esforçamos muito para que essa experiência seja rica e enriquecedora para as crianças, e não constrangedora;, conta a palhaça. Para os bebês essa interação é diferente, percebida, principalmente, através dos olhares atentos dos pequenos. Enquanto isso, O círcolo utiliza a dramaturgia sensorial para estimular os bebês com momentos de interação e possibilidade da escuta musical e contemplação da arte de qualidade. É um espetáculo-vivência de circo, música e dança que tem como tema o circo e o circular. Nas diferentes cenas que compõem a história, os giros, os espirais e as redondezas estarão presentes, assim como diferentes elementos circenses.
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